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Hormônios proibidos
Então não tem jeito mesmo, a velhice é inexorável, não há como combatê-la, muito menos como evitá-la. A partir de agora fica proibida a administração de hormônios a pessoas que têm níveis normais deles no sangue. Também fica proibido o uso de vitaminas, antioxidantes, procaína e outras substâncias prescritas com a finalidade de barrar o envelhecimento. Evidentemente os hormônios serão permitidos quando comprovada a falta deles no organismo. Enfim, retardar, prevenir o envelhecimento ou tentar revertê-lo através de medicamentos tornam-se medidas terapêuticas proibidas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).
Há quem não se incomode com a velhice, mas muita gente não vê com bons olhos o último estágio da vida. Os homens parecem se preocupar um pouco menos que as mulheres com a aparência na velhice. A indústria de cremes, cosméticos de todo tipo e tratamentos de pele floresce a cada dia, prometendo retardar os sinais do envelhecimento. Isso sem falar nas cirurgias plásticas que renovam aparências, nas aplicações de botox e outros procedimentos que surgem e custam muito dinheiro aos que optam por realizá-los.
Em todo caso a medida do CFM é acertada e louvável. Afinal, para que submeter pessoas a tratamentos de eficácia não comprovada, alguns deles com consequências danosas ao organismo?
Entretanto, ao ler a notícia da proibição não pude deixar de pensar na questão da esperança. Acompanha a proibição, inevitavelmente, a perda de uma ilusão. A verdade é que muita gente não se importa em deixar-se enganar quanto à possibilidade de retardar o envelhecimento. O tratamento representa sempre uma esperança, não é?
Lembro-me de uma história que me foi contada por um de meus antigos professores. Dizia ele que num asilo de cegos o diretor teve a ideia de substituir os olhos retraídos dos cegos, cujo aspecto era horrível, por olhos de vidro que melhorariam a aparência de todos. A ideia foi acolhida, aprovada e realizaram-se as cirurgias. No começo tudo foi muito bem até que os cegos apresentaram alterações de comportamento, alguns se tornaram violentos, outros beiravam a loucura. A explicação para o fato era simples: enquanto tinham os olhos os cegos mantinham a esperança no milagre de tornar a ver. A substituição por próteses de vidro tirou deles a esperança, daí os tristes episódios então presenciados.
Não sei se a história é verdadeira. Louve-se ainda uma vez a medida do CFM, proibindo a prescrição de medicamentos ineficazes, alguns até perigosos. Fica a torcida para que algo realmente eficaz venha a ser descoberto no sentido de retardar o envelhecimento.