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Matéria Escura

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Os cientistas estão muito perto de identificar os componentes da matéria escura. Confesso que até recentemente eu nunca tinha ouvido falar sobre a matéria escura. Na verdade ela é o componente mais abundante do universo, estima-se que se constitua em 25% dele. Entretanto não pode ser vista porque não emite luz, aliás, daí o nome “matéria escura”. Isso quer dizer que todas as constelações que podem ser vistas e identificadas no espaço nada mais são que uma parte do universo.

Até agora supunha-se que a matéria escura fosse constituída por partículas subatômicas menores que prótons elétrons e nêutrons. O problema maior dos pesquisadores é justamente localizar a matéria escura e identificar os seus componentes. Hoje se noticia que cientistas acabam de encontrar vestígios de matéria escura no espaço. A descoberta foi feita através do detector de partículas cósmicas que fica na Estação Espacial Internacional. O que se descobriu foi um excesso de partículas subatômicas de carga positiva, denominadas pósitrons. Supõe-se que os pósitrons resultam da colisão de partículas que formam a matéria escura. Ou seja, os pósitrons funcionam como indicadores da existência e localização da matéria escura.

As notícias sobre o universo sempre despertam a nossa curiosidade. Elas nos fazem refletir sobre a precariedade do planeta em que vivemos no qual circunstancialmente existe vida. A Terra é um quase nada em meio à imensidão do universo desconhecido. É nesse mesmo universo que galáxias desparecem em buracos negros mostrando uma fome de destruição que teme-se chegue até nós.

Enquanto isso não acontece tudo prossegue com a indiferença de sempre em relação ao planeta em que vivemos. Hoje a Coreia do Norte divulgou estar na iminência de atacar o território dos EUA, possivelmente com o uso de armas nucleares. O jovem ditador Kim Jong-un parece empenhar-se na realização de um conflito cujos resultados serão dramáticos. Até agora as declarações do governo norte-coreano estavam sendo entendidas como tentativas de pressionar a vizinha Coreia do Sul. A declaração de hoje põe mais lenha na fornalha e sabe-se lá o que virá pela frente.

A primeira célula sintética…

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a-primeira-calula-sintatica…acaba de ser criada. Estamos diante de um dos grandes avanços da engenharia genética. O DNA de uma bactéria (Mycoplasma mycoides) foi retirado e substituído por DNA da mesma espécie, porém alterado em computador. É importante frisar que não se trata de criar a vida do zero. O grande avanço está no “redespertar” da vida numa bactéria que passou a assumir as características determinadas pelo DNA sintético.

Até agora as técnicas empregadas em engenharia genética permitiam alterações em pequenas sequências do DNA. A nova conquista abrange todo o DNA (genoma inteiro ou coleção de genes) de um determinado ser. O genoma da Mycoplasma mycoides é muito simples, mas ainda assim trata-se de grande avanço.

Importância do fato? Craig Veter, cientista que chefia a equipe responsável pelo feito, pensa na produção de microrganismos úteis aos seres humanos como leveduras produtoras de álcool a partir de açúcar.  Também existe a possibilidade de produção de vacinas e até de proteínas pelos organismos.

Os avanços na área de engenharia genética são sempre bem-vindos e abrem enormes perspectivas de favorecimento aos seres humanos. Entretanto, não é desprezível o fato de que também podem servir a intuitos perigosos. Micróbios sintéticos poderão conter DNA manipulado para a produção de substâncias altamente tóxicas a serem utilizadas em guerras biológicas. Formidáveis conquistas da ciência usadas no passado para extermínio de seres humanos representam alerta a ensombrecer avanços espetaculares que tanto admiramos e nos dão boas esperanças.

A criatividade

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a-criatividade1Imprevisibilidade, liberdade e novidade são características apensas à criatividade que resulta de atividades humanas na literatura, na ciência e na arte.

Tem-se falado muito sobre criatividade.  Atualmente cientistas utilizam recursos avançados para localizar, no cérebro, as áreas ligadas à criatividade, provavelmente situadas o lobo frontal.

Existem vários testes para medir a inteligência e provas para avaliar a criatividade. O que se busca é a interpretação de um fato intrigante: por que certas pessoas são mais criativas que outras?

As minhas relações com a inteligência sempre foram complexas. Embora tenha plena consciência das minhas limitações e não me situe entre pessoas muito inteligentes – não se trata de falsa modéstia – o fato é que em várias ocasiões duvidei da minha inteligência. Isso aconteceu, por exemplo, na época em que prestei exames vestibulares: julgava-me incapaz de reter na memória aquela quantidade absurda de dados exigidos para o sucesso nas provas. Mais que isso: não acreditava muito nas minhas possibilidades de fazer o uso correto de muitas das informações recebidas. Esse tipo de dúvida manifestava-se, principalmente, durante a resolução de problemas de matemática e física. Digamos que eu conhecia toda a teoria necessária à resolução dos exercícios, mas faltava-me a condição para chegar a ela.

Os anos me ensinaram que as coisas não são bem assim. Em primeiro lugar, há que se considerarem as aptidões pessoais. Nem todo mundo nasce como Leonardo da Vinci, capaz de fazer qualquer coisa inclusive de pintar a “Madona”, talvez só para se distrair das engenhocas que inventava. É por isso que acredito na existência de uma inteligência setorial, seja lá o que isso for. De todo modo, penso que a setorização seja algo como a posse de determinadas habilidades, talvez em detrimento de outras.

A partir daí o problema se prende à indeterminação de nossas principais habilidades. Nesse sentido a pergunta “o que eu faço melhor?” se impõe. É preciso estar atento a ela para que a atenção pessoal não se disperse em muitas coisas de modo a não se chegue a fazer bem nenhuma. Todo mundo sabe que habilidades se desenvolvem com treino. Quem dúvida que verifique as tais escolas norte-americanas para escritores. Essas escolas ou cursos são descobridores de talentos e se orgulham de muitos de seus alunos terem-se tornado escritores importantes, alguns deles chegando a receber o almejado Prêmio Politzer.

De minha parte ainda hoje não sei se consegui responder bem à pergunta “o que eu faço melhor?”. No princípio eu achava, por exemplo, que jamais conseguiria bolar um plano muito longo, algo como o que fazem os jogadores de xadrez que movem uma peça no tabuleiro tendo em mente os vinte movimentos seguintes. Depois comecei a escrever livros, alguns com muitas páginas…

Confesso que tenho medo das pesquisas sobre a inteligência e a criatividade. Não que seja contra elas, mas me preocupa que os avanços nessa área venham a servir para rotular pessoas e suas capacidades. Nesse caso entraríamos em algo semelhante ao que já vem acontecendo com a engenharia genética: quer-se utilizar a tecnologia do DNA para previsão da futura saúde das pessoas, assunto de grande interesse  para as seguradoras, por exemplo.

Creio que para muita gente o problema com a própria inteligência ainda esteja por se ser resolvido.  Pessoas já bem definidas na vida talvez ainda aguardem alguma surpresa, abrindo-se para algo que jamais suporiam.  Esse posicionamento liga-se às inevitáveis inquietações do espírito que nunca nos abandonam

Reafirmo que não tenho nada contra as pesquisas que visam não só descobrir os mecanismos, mas, talvez, encontrar meios de aprimorar os seres humanos, dando a eles melhores condições e mais prazer em viver. O meu pé atrás é só uma questão de receio, afinal já vimos o que aconteceu no passado quando os interesses do poder sobrepujaram os da humanidade e a ciência serviu a toda sorte de discriminações.

Escrito por Ayrton Marcondes

18 maio, 2010 às 11:06 am

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