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Fugindo da ribalta
Morreu o ator Robin Williams, mundialmente conhecido por seus papéis em cinema, teatro e televisão. Dotado de grande poder interpretativo Williams tinha uma legião de fãs os quais atraia aos cinemas quando do lançamento de seus filmes. Excelente na comédia, forte no drama pode-se dizer que Williams pertenceu ao time dos grandes atores, não por acaso sendo premiado com o Oscar.
A imagem que temos de atores se traduz na conclusão de que suas personalidades são as mesmas com que nos acostumamos a vê-los nas telas. Se me perguntassem como seria Robin Williams na vida real eu, sem dúvida, responderia tratar-se de um sujeito de bem com a vida e muito alegre, afinal esse é o modo ao qual me acostumei a vê-lo em filmes. Como imaginar uma pessoa soturna ou mesmo problemática quando quem estava em pauta era Robin Williams?
Talvez por isso a notícia da morte do ator norte-americano, mais que provocando surpresa, causou espanto. Há fortes indícios de que ele tenha se suicidado. Além disso, fica-se sabendo que Williams lutava contra o alcoolismo e era extremamente deprimido. Somando-se a isso queixas de falta de dinheiro e as recentes atuações em filmes menos expressivos tem-se um quadro sugestivo das razões que teriam conduzido o ator ao gesto extremo.
O problema é que o suicídio não bate com a trajetória do ator Robin Williams. Esse último papel desempenhado por ele no mundo real, caso venha a ser confirmado, parece ser menos real que outros nos quais nos fez acreditar embora se tratassem de ficções.
Em acontecimentos como o da morte de Robin Williams sempre me lembro do precoce desaparecimento da grande cantora Elis Regina. Ela lotava teatros em seus shows, mas dela dizia-se que ao fim do espetáculo chegava a hora de ir para casa sozinha, enfrentado a solidão. Teria sido numa dessas noites que ela ingeriu grande quantidade de calmantes e faleceu. Mas, para mim que a vi de perto em memorável apresentação, para mim que tive a sorte de presenciar a força daquela belíssima voz, o capítulo final da vida de Elis mais parece um conto de fadas escrito com mau gosto.
Robin Williams contava que certa vez uma mulher tocou em seu braço num aeroporto, pedindo a ele que fizesse algo engraçado. É como se o ator tivesse que estar sempre ligado, interpretando. Obviamente, em sua vida particular Williams não se comportou o tempo todo como ator. De modo que seu surpreendente desaparecimento nos choca porque ocorrido em trágica circunstância e acompanhado de aspectos negativos que não esperávamos.
Robin Williams fugiu da ribalta, sem se despedir. Talvez o tenha feito de caso pensado e não por simples impulso. De todo modo enganou-se porque nós que o admirávamos tanto contávamos com ele. Há no homem comum um sentimento de posse em relação aos ícones de seu tempo, talvez venha daí a tristeza pela perda de Robin Williams.