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O Discurso do Rei

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Imagine a situação do rei da Inglaterra no momento em que tem que fazer o mais importante discurso da sua vida e tem, diante de si, o fantasma de uma tartamudez que o acompanha desde os cinco anos de idade.

Toda a grandeza de “o Discurso do Rei” está na brilhante atuação de Colin Firth que faz o papel de George VI, o rei gago. Quando se fala em atuação brilhante é bom explicar que Firth consegue transferir ao espectador toda a angústia de sua condição. Sofremos com ele a cada passo de sua trajetória na qual não faltam indecisão, timidez e, principalmente, uma enorme incapacidade de comunicação. Preso num labirinto de palavras que se recusam a sair de sua garganta o Duque de York, futuro rei, é um homem incompleto: falta a ele a ferramenta vital que o impede de comunicar-se com pessoas e, mais tarde quando já coroado, com seus súditos.

Assim os pronunciamentos que o Duque de York é obrigado a fazer transformam-se em sacrifícios inúteis: ao ver o microfone ele não consegue dizer nenhuma palavra.  Aparentemente ninguém pode ajudá-lo de vez que os tratamentos a que se submete não surtem efeito. A situação perdura até que o Duque, conduzido pela sua mulher, submete-se ao tratamento proposto por Lionel Logue, interpretado por  Geoffrey Rush que, a cada filme, parece crescer ainda mais em suas atuações. De fato, a relação entre o Duque de York- em família tem o apelido de Bertie – e Logue transforma-se no ponto alto do filme, destacando-se a excepcional atuação dos dois atores em seus respectivos papéis.

“O Discurso do Rei” é daqueles filmes sobre os quais se pode dizer que foram muito bem feitos. Trata-se de uma história bem contada que chega a ser emocionante em alguns momentos. Existe toda uma preocupação com os mínimos detalhes tais como a reconstituição da época e o figurino perfeito. Além disso, a narrativa apoia-se em fatos relacionados à ao Rei George VI que de fato era gago, tímido, muito doente e assumiu o poder quando da renúncia de seu irmão ao trono para casar-se com uma norte-americana divorciada. A trama se passa nos anos que antecedem a Segunda Guerra Mundial e tem como pano de fundo o vai-e-vem dos políticos ingleses durante a ascensão de Hitler na Alemanha. Há, portanto, um contexto histórico a marcar a importância do cargo que o Duque de York chega a ocupar e aquilo que os ingleses dele esperam num momento em a Guerra é iminente.

Como não poderia deixar de ser um filme assim tem por trás do que se vê na tela um diretor extremamente competente, papel que cabe a Tom Hoper. Por esse trabalho ele acaba de receber o DGA Awards, o prêmio dos diretores, fato que o torna praticamente favorito para receber o Oscar de melhor diretor pelo seu trabalho.

Por fim a pergunta: “O Discurso do Rei” é um grande filme? Responder afirmativamente nos obriga a comparar essa produção inglesa com grandes filmes do passado. Se o critério for o da grandiosidade, tão a gosto de muitos críticos, o filme não pode competir com grandes sucessos já vistos nas telas. Entretanto é bastante seguro dizer que “O Discurso do Rei” entra com facilidade na galeria dos filmes inesquecíveis, fato que por si só garante a ele lugar de destaque na história do cinema. É com justeza, pois, que o filme está indicado em doze categorias para o Oscar de 2011.

Para quem gosta de bom cinema “O Discurso do Rei” é opção segura de entretenimento.