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De dentro dos blogs
Comecei a fazer um blog por sugestão e incentivo de alguns amigos. Não custa confessar que achava a coisa desnecessária, inútil e até perigosa. Perigosa? Sim porque não sendo o blog a única coisa a fazer na vida (ah, se fosse!) entendia não valer a pena o risco de escrever alguma bobagem (bobagens podem ter conseqüências).
Comecei meio timidamente e devo ter publicado uma boa quantidade de textos que contaram com um único leitor: eu mesmo. Depois surgiram poucas pessoas que diziam ler até que os gráficos da Locaweb passaram a indicar um número crescente de acessos.
Foi nessa altura que surgiu a responsabilidade de assumir um ritmo de publicações. Os gráficos indicam horários de pico e de repente me vi na obrigação de antecipar-me a eles publicando novos textos. Desse modo, o blog que até aí era só uma experiência, passou à condição de serviço – não remunerado, é bom que se diga.
Devagar foram chegando comentários, muitos deles estimulantes. Coisa curiosa: por ocasião de algum acontecimento de destaque não é incomum que alguém escreva pedindo um texto sobre o assunto. Aconteceu por ocasião da morte de Michael Jackson: em minha opinião escrevia-se tanto sobre ele e as circunstâncias de sua morte que seria totalmente desnecessária mais uma opinião. Fui convidado a dá-la e o fiz.
Resolvi falar sobre esse assunto depois de ouvir uma entrevista do jornalista Clóvis Rossi sobre escrever para a internet. Segundo Rossi, o jornalismo consiste em ver, ouvir, ler e contar daí não importar o meio de divulgação, seja papel, nuvem de fumaça, enfim. Isso, obviamente, sob o ponto do vista do repórter que emite a informação, independentemente do modo como venha a ser veiculada.
Entretanto, não se pode esquecer que a internet tem entre suas características a de ser democrática. Você simplesmente não precisa ser jornalista ou escritor conhecido para utilizá-la como meio de divulgação das suas idéias. A internet abre a qualquer pessoa a oportunidade de divulgar o olhar pessoal e absolutamente individual de quem quer que seja sobre qualquer assunto. Além disso, confere aos que fazem uso dela um tipo de liberdade individual cuja única censura é a própria consciência. Inexiste às costas de quem escreve um grupo econômico e a obrigação de servir a qualquer tipo de interesse. Não há o tal “rabo preso”, portanto. Não que isso não seja possível a um colunista da grande imprensa, mas o fato é que em muitas situações prevalecem os aspectos corporativos.
A internet permite a qualquer um divertir-se no bloco do “Eu sozinho”. Você escreve sobre o que dá na sua telha e tem a rara oportunidade de publicar o seu texto em seguida, sem intermediações, sem gastos além do pagamento da mensalidade da Net, do Speedy ou o que seja. Conta com as 24 horas do dia para produzir e publicar os textos e, incrível, encontra quem os leia. Mais: a internet abre a porteira do mundo para a revelação de novos talentos, a maioria deles fatalmente barrada nos portais das grandes editoras e meios de comunicação.
Por último, quero me penitenciar de opiniões que professei no passado, como aquelas em que criticava os erros de jornalistas. Exemplifico: você certamente se lembra dos enormes textos produzidos pelo Paulo Francis nos quais não era raro encontrarem-se erros de citações, dados, etc. Hoje entendo que ele fazia um trabalho incrível. Não contava ele com a fonte de informações disponível a um clique do mouse e que surge na tela do computador em segundos. Ele fazia o seu trabalho na raça, utilizando arquivos, como de resto o faziam os jornalistas do mundo inteiro, muitos deles ainda em atividade.
Dito isso, viva a internet e longa vida aos blogs!