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Sim ou não aos refrigerantes
No Herald Tribune de 08/10 há um artigo sobre a guerra travada entre o governo dos EUA e os fabricantes de refrigerantes. O governo faz campanha contra o hábito de tomar refrigerantes responsabilizando esse tipo de bebida pela sua contribuição em relação às altas taxas de obesidade observadas no país. Autoridades governamentais e a Associação Médica Norte-americana recomendam a cobrança de impostos mais altos sobre os refrigerantes para que haja redução do consumo.
Em sentido diametralmente oposto atuam os fabricantes cuja contra-propaganda diz que os refrigerantes não são tão ruins e acusam o governo de pretender interferir nas liberdades individuais.
Há quem diga que a possível intervenção do governo não surtirá efeito, não agindo na redução da obesidade. Outros acham que é a partir de pequenas coisas como a maior taxação de bebidas açucaradas que o governo vai assumindo o controle total sobre a vida dos cidadãos.
De que governantes têm uma tendência natural a ampliar a atuação do Estado não existem dúvidas. Está acontecendo agora no Brasil cujo presidente da República, embasado em grande apoio popular, interfere em problemas além da alçada do cargo em que está investido. A pressão de Lula contra a diretoria da empresa Vale do Rio Doce é mais um passo na ampliação de seu poder pessoal.
Destaque-se que existem, sim, honrosas exceções personificadas por autênticos praticantes do liberalismo.
Voltando aos refrigerantes: afinal, você precisa de alguém, ou governo, que o ajude a tomar menos refrigerantes? É necessária uma proibição ou aumento dos preços para inibir o consumo?
O que espanta em discussões como essa dos refrigerantes é o fato de que as partes envolvidas sempre apelam para campanhas extremadas cujos resultados são reconhecidamente insatisfatórios. A verdade é que pouco ou nada adianta elevar o preço de latas de refrigerantes ou colocar cartazes por aí avisando que eles fazem mal à saúde. Nem adianta bater na tecla da restrição das liberdades individuais ou que é assim que começam os regimes totalitários. Como em tantos outros casos o que funciona mesmo é conscientizar. A palavra certa é, portanto, educação. Com ela uma enormidade de problemas pode ser reduzida, inclusive esse do consumo exagerado de refrigerantes. A questão é que esse modo de agir não produz resultados imediatos: educação é coisa que vem de trás, dos bancos escolares, da formação correta e integral de cada ser humano.
Conheço gente realmente viciada em refrigerantes. Tenho um amigo que não bebe água: ele só consome refrigerantes. São casos extremos. Para muita gente crescida uma campanha educativa talvez melhore um pouco as coisas. Mas insisto: é preciso ensinar bons hábitos alimentares aos pequenos, só assim se resolverá de fato o problema da obesidade e da saúde em geral. Portanto, sem essa de que estão restringindo as minhas liberdades e fora com essa coisa de elevar os impostos para reduzir o consumo.
A minha saúde e a sua saúde, caro leitor, dependem de termos consciência do que precisamos fazer para mantê-las. Consumir ou não refrigerantes é assunto que quem decide mesmo é o interessado.