Copa das Confederações at Blog Ayrton Marcondes

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Pausa no domingo

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Estão dizendo que o futebol não é o ópio do povo como acreditávamos. Nem a Copa das Confederações tem servido para acalmar a marcha de protestos que continuam a acontecer.

O Brasil vai jogar com o Uruguai na quarta-feira em Belo Horizonte. Jogo importante porque é a semifinal da Copa das Confederações. Acontece que a polícia mineira dá como certo o confronto entre manifestantes e policiais nas imediações do Mineirão. O comandante geral da corporação policial fala em “confronto contundente” o qual ele tem como certo de ocorrer.

O poeta Ferreira Gullar disse que nunca viu algo semelhante acontecer no Brasil. Sociólogos gastam neurônios e muita tinta elaborando hipóteses sobre o futuro das manifestações. Tenta-se explicar como foi possível a massa que protesta ter sido acordada de um longo sono de conformismo.

Dizem que brasileiro não gosta de encrenca, as principais atrações do país são o futebol, samba e cerveja. Isso para não incluir na lista as mulher es -por respeito a elas, aliás. Pois o brasileiro parece ter mudado e o governo não tem ideia do que fazer em relação a esse fato.

Vi crianças na faixa dos 12 anos de idade querendo saber o que é essa tal de PEC37. Conversa-se por aí sobre a tal de “Cura Gay” e o assunto rende todo tipo de palpites. A turma quer o “Passe Livre” no transporte público e já se nota preocupação das autoridades ameaçadas de capitular ante mais essa exigência. Os médicos protestam contra a importação de milhares de profissionais estrangeiros, lembrando que o problema da saúde nada tem a ver com o número de médicos, mas sim com a falta de condições para trabalho. E por aí vai, cada tribo com suas exigências.

Pois digo que também nunca vi nada igual durante as seis décadas em que ando por esse Brasil. Olhe que pensava já ter visto um pouco de quase tudo, mas sobre o que está acontecendo confesso a minha total ignorância.

Acontece que não dá para ficar isento. Veja bem: pessoas mais velhas já tinham perdido a esperança de ver o país numa trilha melhor, sem corrupção, trabalhando-se para o bem comum. Agora essa gente toda na rua nos faz perguntar se talvez as coisas não possam mesmo mudar.

Portanto, palmas para as redes sociais que finalmente deixaram de ser meio para troca de baboseiras entre pessoas. As redes permitem o tráfego paralelo de informações entre pessoas livres de pressões externas. Combina-se e saem às ruas os manifestantes.

Nos meus tempos de criança era o sino da minha aldeia que alertava o povo sobre algo que aconteceria. Hoje os sinos já não precisam dobrar, basta que alguém convoque a multidão para que a loucura coletiva comece.

O técnico da seleção

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O presidente dos EUA é considerado o homem mais poderoso do mundo. Nos últimos anos mulheres têm ocupado postos de alta relevância: Angela Merckel na Alemanha, Cristina Kishner na Argentina e Dilma Roussef no Brasil são as primeiras mandatárias de seus países.

Para muita gente no Brasil a importância da presidência da República é dividida com o cargo de técnico da seleção brasileira de futebol. Técnico da seleção nacional é um cara pra lá de importante porque detentor de poder paralelo na chamada pátria de chuteiras. Diz-se que em cada brasileiro existe um técnico de futebol e raramente existe concordância geral com as preferências daquele que comanda a seleção. Quando o Brasil venceu a Copa de 58 sob o comando do pacífico Vicente Feola nem assim houve acordo geral. Lembro-me de jornalista que baixou o pau sem seus comentários pelo rádio nos minutos que se seguiram à grande vitória sobre a Suécia e, depois, salvou-se de apanhar quando apareceu no Pacaembu para comentar jogo local. Que dizer do falecido Cláudio Coutinho que conseguiu unir o país contra si a ponto do técnico Osvaldo Brandão declarar-se pronto para assumir a seleção, isso com a Copa do Mundo de 78 em andamento? O time escalado pela torcida não era aquele que Coutinho colocava em campo. No fim o Brasil foi “campeão moral” e as coisas ficaram do jeito que ficaram: nó na garganta de um povo apaixonado por futebol.

Agora o Brasil prepara-se para sediar a Copa do Mundo de 2014. As obras - que a todo dia se nega estarem atrasadas  - correm soltas país afora.  Estádios, aeroportos, hotéis, meios de transporte, aparatos de segurança e outras providências vêm sendo tomadas para que o país não faça feio diante do mundo. Quanto ao futebol nem pensar no repeteco da tragédia de 1950 no Maracanã quando a seleção perdeu o título mundial para o Uruguai de Obdúlio Varela. Entretanto, embora a proximidade da Copa - e antes dela a Copa das Confederações - a seleção brasileira continua indefinida não se sabendo ao certo quais os jogadores que vestirão as camisas que tanto encantam ao povo. A começar pela demissão do presidente da CBF sob acusações de corrupção e seguindo-se ontem pela mudança de técnico pode-se dizer que, em termos de selecionado brasileiro, voltou-se à estaca zero. Ninguém sabe quem será o próximo técnico daí ser impossível fazer-se ideia sobre os nomes que ele escolherá para compor o plantel da seleção.

Hoje se publicam as mais diferentes opiniões sobre a demissão do técnico Mano Menezes. Há quem veja manobra política e momento inoportuno. Outros acham que o técnico deixou a desejar e apontam diferentes razões que justificariam a demissão. A verdade é que faltou a Mano Menezes o carisma que gera confiança. Não teve ele a presença que empolga e não logrou transferir segurança à enorme torcida brasileira. Não que não seja bom técnico, o problema foi e é a dimensão do cargo. Presidentes da República têm à sua volta um mundo de ministros, assessores e todo tipo de ajuda para que mesmo seus erros muitas vezes não transpareçam. O técnico da seleção não goza da mesma sorte. Ele é visível demais, cada decisão sua é avaliada no momento em que é tomada, Demais, futebol é resultado. E os resultados obtidos por Mano Menezes no comando da seleção deixaram a desejar.