Copa do Mundo de 1966 at Blog Ayrton Marcondes

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Vicente Feola

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Para quem não sabe Vicente Ítalo Feola foi técnico da memorável seleção brasileira que conquistou a Copa do Mundo de 1958. Aquele primeiro título mundial, de todo modo surpreendente, empolgou um país subdesenvolvido e atrasado. Dava-se um grito profundo. ecoando em todo o mundo a força daquele desconhecido Brasil e sua gente. Colocava em pratos limpos a tragédia de 1950 no Maracanã, afirmando que o brasileiro mostrara no estrangeiro o futebol como ele é.

O grande mérito de Feola foi montar um time que jogava no esquema 4-2-4 que se convertia num 4-3-3 quando o ponta esquerda Zagalo voltava para auxiliar o meio do campo. Depois de 58 o Brasil foi bicampeão em 1962 com o técnico Aimoré Moreira. Em 1966 Feola foi novamente o técnico e o Brasil teve participação melancólica, eliminado nas oitavas, perdendo para Portugal que tinha o grande Eusébio em seu time. E olhe que na seleção de 66 havia Pelé no escrete brasileiro.

Ontem falei sobre a seletividade da memórias que tendem a preservar mais erros que acertos. Sobre Feola sempre recaem fatos lendários como o de que dormiria durante os jogos das equipes que treinava. O fato é que Feola era homem extremante calmo, embora exigente. Passava a imagem de um sujeito bonachão, gordo como era. Não teria pulso e deixaria os jogadores decidirem sobre a forma de jogar. Na Copa de 58 a entrada de Garrincha e Pelé no time teria se dado por interferência dos jogadores. Assim, de um técnico com tais características só poderia resultar a derrota de 1966.

Pois toda vez que se fala sobre Vicente Feola tem-se que passar por essas histórias que comprovadamente são inverídicas. Relatos de jogadores ao tempo em que Feola era técnico da seleção desmentem categoricamente as histórias que correm sobre ele.

Vi Vicente Feola de perto. Eu era um rapazote em 1966 quando a seleção brasileira foi se preparar em Campos do Jordão para a Copa do Mundo. Vale lembrar de que naquela época o mundo era outro e não existia o assédio que hoje se verifica sobre celebridades. Os treinos dos jogadores aconteciam num campo de futebol aberto com entrada livre a quem quisesse assisti-los. Naquele campo vi treinarem grandes craques que fizeram história no futebol brasileiro: Garrincha, Gilmar, Belline, Djalma Santos, Zito e Pelé isso só para citar alguns.

Vicente Feola morreu em 1975 e foi enterrado no cemitério do Araçá em São Paulo. No dia do enterro eu trabalhava num prédio defronte o cemitério. Quando o pequeno cortejo chegou subi ao último andar do prédio para observar o enterro. Guardei a imagem de homens carregando um caixão. Dentro dele Vicente Feola, um campeão do mundo.

Eusébio

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Eusébio, maior jogador do futebol português, morreu ontem. Tinha 71 anos de idade e desde 2011 apresentava problemas de saúde.

Para nós, brasileiros, Eusébio será sempre inesquecível. Foi ele o grande nome da Copa de 1966 na qual a seleção portuguesa conseguiu o terceiro lugar. Desde então Eusébio tem sido considerado como um dos principais carrascos do futebol brasileiro. Há outros, bastando lembrar os nomes de Ghiggia e Paolo Rossi. Ghiggia, uruguaio, fez o gol da vitória na final da Copa de 50. O Uruguai sagrou-se campeão do mundo diante de 200 mil brasileiros incrédulos. Paolo Rossi fez três gols na grande seleção comandada por Telê em 1982. Ainda hoje se discute se aquela seleção brasileira não teria sido a maior de todos os tempos. Maior ou não foi derrotada pela Itália, consolidando-se uma tragédia amarga para a torcida verde-amarela. O jogo ficou conhecido como a “Tragédia de Sarriá” e a derrota considerada como  a segunda  maior da história do futebol brasileiro - a primeira foi a do jogo de 1950 contra o Uruguai.

Eusébio estraçalhou o Brasil na Copa de 1966. Foram dolorosos 3 X 1 para Portugal e olhe que a seleção nacional não era uma qualquer: o time contava com astros como Pelé e Jairzinho.  O Brasil fora campeão em 58 e 62 e seria favorito em 1966 não fosse a grande desorganização na preparação para a Copa. Eusébio fez dois gols e mandou o Brasil para casa. Inacreditável. Voltaríamos fortes e desacreditados em 1970 quando aquela maravilhosa seleção conquistou o tricampeonato.

Os grandes ídolos do esporte marcam épocas. Alguns deles são eternizados, tamanha é a dimensão de seus feitos que não saem das memórias dos que os viram jogar.

Acompanhamos pelo rádio o jogo de 1966 contra Portugal. Naquela época não se realizavam transmissões internacionais via satélite. Só quatro anos depois, na memorável vitória de 1970, veríamos o selecionado brasileiro ao vivo e a cores, conquistando mais uma Copa do Mundo.

De Eusébio ficam aqueles dois inesquecíveis gols que arrebentaram com a gente e para sempre serão lembrados. Não é sem razão que os portugueses hoje choram a despedida do craque. Eusébio foi grande dentro das quatro linhas e merece as homenagens que recebe no momento de sua morte.