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O 7º ministro
E lá se foi o 7º ministro do governo Dilma, acusado de tantas que a situação dele se tornou insustentável. A partir da tarde de ontem Carlos Lupi tornou-se ex-ministro do Trabalho por ter pedido demissão do cargo no que facilitou a tarefa da presidente que teria que demiti-lo.
Lupi saiu esbravejando, dizendo-se perseguido pela mídia e atacando a “condenação sumária” a ele imposta pelo Conselho de Ética. Assim, a novela Lupi tem, já tardiamente, o desfecho mais que esperado. A gota d´água para a saída de Lupi foi a divulgação do fato de, durante cinco anos, ter ocupado, ao mesmo tempo, dois cargos públicos, obviamente sendo remunerado em ambos. Antes disso, os assessores de Lupi no ministério tinham sido acusados de receber propinas de ONGs para confirmar contratos; depois surgiu a notícia de que o próprio Lupi teria beneficiado ONGs. A isso foi acrescentada a revelação de que o ministro viajara ao Maranhão em avião providenciado pelo dono de uma ONG - fato de início negado por Lupi - mas depois admitido, alegando ele falha de memória.
Antes de Lupi saíram do governo os ministros do Esporte, do Turismo, da Agricultura, da Defesa, dos Transportes, das Relações Institucionais e o da Casa Civil. Dos sete apenas os da Defesa e o das Relações Institucionais não saíram devido a denúncias. O primeiro a sair do governo foi Antônio Palocci, Ministro da Casa Civil e homem forte do governo que sucumbiu a acusações de aumento brutal de renda pessoal num período muito curto de tempo.
O governo Dilma ainda não completou um ano de funcionamento e ela vem sendo elogiada no exterior pela limpeza que tem feito nos ministérios. As atitudes da presidente têm caído, também, no gosto popular, sendo considerada pessoa séria e comprometida com o cargo que atualmente ocupa. Na verdade parece que a presidente nem mesmo tem outra opção que não a de aceitar a demissão de ministros ou demiti-los. Dilma herdou de seu antecessor, que fez campanha aberta para elegê-la, um imbróglio de pessoas e seus controvertidos interesses. O Lupi que ontem deixou o governo foi Ministro do governo anterior, herdado pelo atual governo que finalmente se livrou dele. O mesmo acontece com vários postos na hierarquia do governo ocupados através de exigências de partidos políticos, trocadas pelo apoio de seus membros ao governo. Para que se tenha ideia nesse momento do PDT – partido ao qual pertence Lupi – discute o nome do pedetista que deverá substituí-lo no Ministério do Trabalho.
Como se vê existe uma espécie de loteamento de áreas do governo realizada através de acordos nas bases políticas que o apoiam. Cada partido é proprietário de um feudo e cabe à presidente zelar para que essa turma trabalhe em acordo com os interesses do país e da população.
Do que se conclui que não é simples, nem fácil, a política. Em todo caso o que é inaceitável é essa dança de atitudes ligadas à corrupção, partindo justamente dos altos escalões da República. Talvez por isso jornalistas estrangeiros, credenciados no Brasil, estranhem tanto o quanto se fala bem de nosso país fora dele. Segundo a opinião desses jornalistas falta aos estrangeiros a visão do dia-a-dia do país que cresce, mas mantém enorme desigualdade social e convive com violência extrema e corrupção.
Bem, como dizia Tom Jobim, o Brasil não é mesmo para iniciantes.