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Mundo Louco
Sob o Sol que ilumina o mundo existe muita coisa estranha. Quem anda por aí certamente já se deparou com situações insólitas, algumas delas beirando a insanidade. A fauna humana é vasta, diversificada, sempre capaz de surpreender com atitudes inesperadas. Não creio que alguém discorde disso. Até mesmo as pessoas mais reclusas e que optaram por virar as costas ao cotidiano sabem do potencial humano para o que quer que seja, talvez por isso mesmo limitem contato com seus semelhantes.
A notícia vem do Japão: de uma mulher que se supunha viva e que teria 101 anos foram encontrados os ossos, guardados numa mochila pelo seu próprio filho. Interrogado pela polícia o filho contou que a mãe morrera em 2001, mas na época ele não tinha dinheiro para realizar o enterro. Por essa razão, cortou os ossos e guardou-os numa mochila que foi encontrada no apartamento dele, em Tóquio.
Na notícia divulgada pela BBC Brasil informa-se, ainda, que o filho tem recebido o dinheiro da aposentadoria da mãe acrescido de uma verba de ajuda que no Japão é dada a pessoas centenárias. Mais: esse não é o único caso. Descobriu-se que um idoso que hoje teria 111 anos, morreu há 30, fato escondido pela família, obviamente visando receber a aposentadoria. E suspeita-se que existam muitos outros casos.
Esse é um assunto sobre o qual a gente fica meio sem saber o que dizer. Você lê a notícia e passa a imaginar os detalhes da trama que, para não estender muito, passa pela putrefação do cadáver em casa até se chegar aos ossos partidos e guardados numa mochila. Isso sem deixar de se perguntar por que, afinal, o japonês não deu fim à mochila com os ossos. Amor pela mãe?
Olhe que vivemos num país onde campeiam desde fraudes grosseiras até algumas muito imaginosas. Essa turma que mantêm contas milionárias e ilegais no exterior que o diga; os que colocam dinheiro na cueca ou dentro da meia que se pronunciem. Mas, ossos de mãe em mochila…
Verdade que por aqui se passou o famoso “Crime da mala”, ocorrido em 1928, quando um imigrante italiano assassinou a esposa e despachou o cadáver para a Europa, dentro de uma mala. No porto de Santos um choque provocou a abertura da mala e o cadáver, em avançado estado de putrefação, foi encontrado. Esse crime tem uma versão menos cinematográfica, ocorrida em maio último, quando o cadáver de uma moça desaparecida foi encontrado dentro de uma mala, numa rua do Leblon, Rio de Janeiro.
Em frase muito citada Carlos Drummond de Andrade diz:
Ninguém é igual a ninguém. Todo o ser humano é um estranho ímpar.
É verdade. Só que existem estranhos mais estranhos que outros.