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Na sintonia dos tarados
Tempos atrás ouvi de uma amiga que o tempo dela já tinha passado. Que ”tempo” é esse? –perguntei. Ela sorriu e me disse que eu sabia muito bem do que ela estava falando. Acrescentou que tivera prova definitiva disso ao passar perto de um prédio em construção e os operários a terem ignorado. Nenhum assovio e eu estava toda arrumada - completou.
Todo mundo sabe - ou imagina saber - como funciona a cabeça de homem. O tal “lobo do homem” está sempre alerta e os olhos masculinos parecem já ter nascido treinados para vasculhar o ambiente. Mulher de mais ou menos para cima atrai a atenção. Mas, diga-se, há níveis nessa história. Respeito é bom e faz bem aos dentes, já dizia a minha mãe.
Daí que é de se imaginar o que verdadeiramente se passa na cabeça de um sujeito que agride moralmente uma mulher, aproveitando-se do aperto dentro de um vagão do metrô. Os casos têm acontecido e consta existirem sites que estimulam homens a agirem desse modo. E saem os tarados à rua em busca de uma oportunidade, talvez achando que a mulher em cujo corpo tocarem gostará de ser apalpada por um estranho.
Se você não sabia os “encoxadores” estão agindo no metrô de São Paulo. Nesta manhã um tarado agarrou por duas vezes uma mulher. Na segunda passou a mão na parte de dentro da coxa dela. Ao ver isso as mulheres presentes no vagão gritaram: tarado! E ele saiu correndo quando a porta se abriu com a vítima atrás dele. Ao ser pego pelos seguranças ele sorriu para a mulher a quem tinha “encoxado”. E dizer que esse tarado é um técnico de informática. A ele se juntou, com ação semelhante, na mesma manhã, um engenheiro eletricista que abusou de mulheres. E o delegado que conduz esses casos fala sobre outro no qual o tarado chegou a ejacular sobre a mulher que atacou.
O tipo de prazer que um sujeito encontra durante uma abordagem dessas serve como diagnóstico para a classificação dele como “tarado”. O tarado é um cara que ignora riscos e parece ter prazer em ser reconhecido como tal. Trata-se uma figura ao mesmo tempo patética e perigosa. Age em público porque precisa de olhos que o vejam em ação. Na satisfação sexual do tarado que se aproveita do aperto na condução também conta o perigo que corre de vir a apanhar ou ser preso.
Conheci um sujeito que não era de forma alguma um tarado. Certa ocasião ele fez viagem de ônibus de São Paulo ao Rio para visitar parentes que viviam naquela capital. Aconteceu a ele sentar-se no mesmo banco com uma mulher muito simpática. Viagens longas oferecem oportunidades para conversas. Pois, papo vai, papo vem, não é que os dois se engraçaram? Contou-me ele que ao desembarcarem no Rio foram direto a um hotel onde passaram a noite. O mais interessante é que o sujeito a quem me refiro de tal maneira foi enfeitiçado pela companheira de viagem que acabou se casando com ela.
Essa história me veio à cabeça ao procurar razões para as atitudes dos tarados do metrô. Não será que se trata de solitários buscando parceiras pela pior maneira possível? Ah, não, isso é bobagem.