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Pobres cães
Ultimamente tem-se falado sobre os aspectos animalescos do comportamento humano. Doses elevadas de violência e atitudes incompreensíveis acontecem com frequência assustadora, levando muitas pessoas a se perguntar se, afinal, os que praticam atos hediondos são mesmo seres humanos de forma integral. Ninguém aguenta mais falar sobre o assunto, nem ouvir considerações sobre ele. De repente, algo novo e absurdo acontece e, mais uma vez, a violência é trazida ao convívio das pessoas que de modo algum conseguem ignorá-la.
Não é o caso de recordar aqui os vários crimes que nos últimos dias petrificaram até mesmo os mais esperançosos quanto à infinita capacidade de perdão no mundo. A dentista queimada viva por um menor que pouco se deu ao fato de tê-la queimado e o advogado que trucidou a mulher japonesa por ciúmes não passam de mais dois acontecimentos que, infelizmente, serão esquecidos porque logo serão divulgadas novas atrocidades ainda por ocorrer. Tornou-se rotina a miséria da violência, isso não se pode negar.
Entretanto, a maldade humana parece não ter limites, estendendo-se até mesmo à pratica de crueldade contra animais. Hoje se publica que um cão foi salvo por uma senhora que o encontrou amarrado à linha de trem. Isso mesmo! Trata-se do quarto animal que serviu aos propósitos malignos de algumas bestas humanas cuja diversão é a de amarrar animais fortemente pelo pescoço, atando-os à linha de trens que, ao passarem, os esmagarão.
O governo de São Paulo divulga um programa de ação contra a violência e a criminalidade que, embora não se reconheça explicitamente, saíram de controle. Mas, há nessa história toda algo que não se consegue responder, algo que incomoda porque coloca em jogo a própria natureza humana. Afinal, o que está acontecendo com o ser humano que vai perdendo, progressivamente, contato com sua própria natureza, passando a agir como um predador sem princípios e remorsos? Em que ponto o acordo que permite o convívio social foi rasgado e se estabeleceu que a partir de agora cada pessoa deve cuidar de si mesma, protegendo-se de seus semelhantes que andam pelas ruas sem obediência a nenhum código de leis?
Pobres cães vitimados por maníacos que obtêm prazer condenando-os a mais terrível das mortes. Pobres seres humanos que pouco a pouco se afastam de sua condição humana, locupletando-se no exercício da barbárie.
Afinal, em que mundo nós estamos mesmo vivendo?
Onda de estupros
Aqueles seis indianos que estupraram e mataram uma moça dentro de um ônibus estão fazendo escola. As notícias sobre caso de estupro na Índia já eram alarmantes antes do caso que ganhou atenção internacional. Além do que a ação dos indianos despertou grande onda de protestos na própria Índia. Agora os estupradores estão presos e sobre eles recairão as punições previstas pela lei indiana.
No dia em que Mubarak foi destituído de seu governo no Egito uma jornalista norte-americana foi estuprada em plena Praça Tahrir. Semana passada o New York Times noticiou que a Praça Tahrir tornou-se perigosa demais para as mulheres, sendo crescente o número de estupros no país. O interessante, nesses casos, é que se discute de quem é a culpa pelos estupros. No dia 25 de janeiro, quando se comemorou o segundo aniversário da revolução egípcia, houve uma extraordinária onda de ataques às mulheres, tendo sido confirmados pelo menos 19 casos de estupros.
Hoje se noticia o estupro de uma jovem de 20 anos de idade, turista em viagem ao Brasil. O caso aconteceu no Rio onde ela e o namorado entraram numa van de transporte na madrugada de ontem. Além de serem roubados o rapaz foi atingido por golpes desferidos com barra de ferro e a moça estuprada dentro da van. Felizmente sobreviveram e a polícia conseguiu prender dois dos estupradores. Após a divulgação de fotos dos dois uma mulher compareceu à polícia para declarar que também fora estuprada e roubada por eles.
O que se pergunta é sobre o que acontecerá daqui por diante com os dois estupradores presos. Diariamente ouvimos notícias sobre bandidos que cometem crimes e voltam às ruas por gozarem das facilidades da lei. Crimes horrendos são cometidos a toda hora por pessoas que estão nas ruas por conta da tal progressão parcial das penas. Basta ter bom comportamento para que se tenha direito aos benefícios, isso depois de cumprir pena em regime fechado durante algum tempo.
No Brasil o que resta aos cidadãos é rezar para não ter o azar de cruzar com membros da bandidagem. Nunca se prendeu tanta gente no país, presídios e cadeias estão superlotados, mas é muito grande o número de meliantes à solta. O fato é que a violência crescente parece não ter fim, as leis são fracas, daí não ser absurdo imaginar que os estupradores da van em data não muito distante estarão livres para voltar a praticar outros estupros.