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Medo e insegurança
A percepção do perigo gera o medo. Pandemia declarada, medidas restritivas instauradas, as pessoas têm a liberdade de ir e vir restringida. As aglomerações estão proibidas. Fronteiras fechadas, viagens canceladas. Restaurantes, bares, casas noturnas, shows, cinemas, competições esportivas, tudo, tudo mesmo, suspenso por prazo indeterminado. Ambiente severo, marcado por medo e insegurança, caldo de cultura para crises depressivas.
De repente o mundo vai parando. Nas ruas pouco trânsito. Quase ninguém circula na cidade deserta. Cidades litorâneas fecham praias, hotéis são impedidos de receber turistas, chega-se a propor o fechamento de estradas. Escolas sem aulas, famílias em casa. A situação simula novelas fantásticas nas quais o surrealismo surge como fato acontecido.
As notícias chegam através de jornais. televisão ou pelo rádio. Não há outro assunto que não a pandemia e suas consequências. Bolsas de valores de todo o mundo despencam. O dólar atinge patamares nunca observados. A crise mundial assusta. O comércio fecha. Fábricas de veículos param a produção e dão férias coletivas. Fala-se em demissões em massa de trabalhadores. O mundo desanda.
No varejo das relações vigora o medo da transmissão da doença. A pessoa com quem se encontra, estará ela infectada e em situação de transmitir o vírus? Devo entrar no elevador com alguém que não conheço? O álcool gel deve ser usado a todo transe? As crianças não correm risco? Os idosos…
Medo e insegurança. Com tudo parado os trabalhadores se veem acuados pela crise. Não se fala abertamente, mas como a economia informal é grande muita gente vai enfrentar a fome. Pessoas que se sustentam de pequenos negócios simplesmente não têm para onde recorrer. Essas pessoas não ficarão em casa. Recomendações para evitar contaminação talvez não surtam efeito quando o assunto é falta de tudo, mormente de alimentos. Um colaborador que trabalha na empresa me contou sobre seu conhecido, proprietário de um mercadinho no centro da cidade. Segundo me disse o colaborador o proprietário foi avisado por fregueses, para que fechasse o estabelecimento porque em poucos dias correria o risco de saques. Quando a fome falar mais alto sabe-se lá o que poderá acontecer. Alarmismo? Quem sabe…