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Waterloo

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A Europa empalidece diante de uma monumental crise econômica. O auxílio de 100 bilhões de euros aos bancos espanhóis não logra restabelecer a confiança nos mercados. Há receio de que a crise na Espanha acabe por chegar à Itália. Enquanto isso os gregos preparam-se para ir às urnas para decidirem se vão ou não continuar na zona do euro.

A crise estende-se e seus tentáculos afetam economias de países distantes. A China se ressente, no Brasil entra em cena o “pibinho” que atesta a redução no crescimento do país. O governo toma medidas para manter o consumo, há redução de IPI de alguns produtos, as os discursos ufanistas de tempos atrás vão sendo deixados de lado. Não se sabe no que tudo isso vai dar e a solução da crise europeia parece muito distante.

Alheio a tudo isso um esqueleto reaparece em Waterloo, 200 anos depois da batalha em que Napoleão Bonaparte foi derrotado e desterrado para viver seus últimos dias na Ilha de Santa Helena. Encontrado por arqueólogos na região de Waterloo, Bélgica, o esqueleto estava deitado de costas, tendo presa na região do pulmão esquerdo o projétil que o matou no dia 18 de junho de 1815.

Napoleão foi derrotado em Waterloo pelas tropas comandadas pelo britânico Duque de Wellington - um exército aliado formado por ingleses, prussianos, belgas e holandeses. Do lado francês combateram 72 mil homens, do lado aliado 68 mil homens, isso sem contar os 45 mil prussianos que chegaram ao meio da batalha.

Antes da batalha de Waterloo Napoleão já havia sido derrotado e fora exilado na Ilha de Elba. Nesse período os países reuniram-se me Viena para redesenhar o mapa da Europa. Foi quando Napoleão reapareceu com seu governo de 100 dias terminado com a derrota em Waterloo.

O esqueleto do soldado leva-nos a um recuo de 200 anos na história e nos faz lembrar de que, afinal, os problemas daquela época foram superados. O esqueleto parece ser testemunho de que situações aparentemente insolúveis tendem ao equilíbrio com o passar do tempo. A Europa vive hoje uma terrível batalha que, segundo analistas, não terminará sem exigir grandes sacrifícios e adoção de políticas não apenas calcadas na noção de austeridade. Mas, como em 1815, de um modo ou de outro, as coisas se rearranjarão. No momento é impossível prever no que tudo isso vai dar, mas o mundo preocupa-se e torce pelo fim da crise europeia.

A repetição leva à exaustão

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Sou de opinião que não tenho opinião sobre as idas e vindas da economia embora tudo o que acontece afete, direta ou indiretamente, a minha vida.

Veja você a eterna gangorra em que anda metido o dólar. Ora o governo sai a campo com medidas que engessam a moeda porque o valor do dólar está muito baixo e as exportações se ressentem disso. De repente, em curto período de tempo, o dólar sobe muito e estabelece-se o problema inverso com crescimento da dívida das empresas, dificuldades para turistas etc. Diante disso o governo emprega meios para reduzir o valor da moeda norte-americana.

O interessante em relação a tudo isso é que dispomos de mais desculpas que culpados. Por que tudo acontece? Do lado do governo brasileiro a explicação é a de que medidas devem ser tomadas no sentido de manter a estabilidade. O problema vem de fora, patrocinado pela crise europeia que, por sua vez, tem seu berço em solo grego com rebentos crescendo diariamente na Itália e na Espanha. Por sua vez os gregos estão fulos da vida porque não querem pagar a conta. A um passo do calote esperam a ajuda de 8 bilhões de euros que países capitaneados pela Alemanha se recusam a dar. No meio disso sai a campo o FMI para dizer que suas reservas, atualmente na casa dos 400 bilhões, são insuficientes para resolver o problema da crise europeia.

Então, eu que nasci em solo verde-amarelo da minha pátria varonil fico olhando pela janela perguntando se não será possível passar agora no céu um Sputnik, com Gagarin a bordo e tudo mais, porque era mais interessante assistir ao vai-e-vem da Guerra Fria que a essa interminável lengalenga do sobe e desce das bolsas e variações do dólar.

Cara pálida você não está cheio de ouvir longos noticiários tratando da mesma coisa, dia após dia? Pois é, a repetição leva à exaustão. Declaro-me exausto de ouvir falar sobre coisas que acabarão se resolvendo por si mesmas, com quebradeira geral ou não, porque de uma coisa devemos estar certos: através de acordos que envolvem interesses colossais pouco se conseguirá. De fato, é difícil convencer a um alemão que gosta de tudo certinho a ajudar um grego não dado ao hábito de pagar impostos.

Não sei se é verdade, mas ouvi de um grego que na Grécia lavra-se hoje em dia grande revolta contra a implantação do imposto predial. Contou-me que um grego, conhecido dele, reagiu à implantação do imposto dizendo: mas, se comprei e paguei a minha casa, isso há muitos anos, porque tenho que pagar algo mais para morar no que me pertence?

Caso seja assim, tenho que tirar o chapéu à inclinação anárquica dos gregos e pedir a alguém que entenda melhor desse assunto explicação sobre as atribuições do Estado grego. Que uma ou outra pessoa se recuse à participação social vá lá. Mas, isso como cultura geral não pode funcionar, concordem.

E por falar em pessoas que se recusam a fazer parte do esquema geral ouvi certa vez o caso de um sujeito, já falecido, que era do tipo. Certa ocasião esse sujeito decidiu viajar ao exterior para o que precisou obter o visto. Entre os documentos exigidos para tal figurava cópia da declaração do imposto de renda, que ele não tinha. Perguntado sobre a declaração ele respondeu:

- Eu nunca quis isso de imposto de renda para mim.

Então é assim: basta não querer para não fazer parte. Não sei como o tal sujeito resolveu o problema dele, se viajou ao exterior ou não. Deve ter ido porque nesta terra em que tudo dá para tudo existe um jeito. Mas ficou-me dessa história o espírito particular e rebelde do cidadão que viveu a seu modo, passando ao largo de injunções como essa tão chata de declarar e pagar impostos.

Vivendo e aprendendo.