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A 6ª economia
Acaba de ser divulgada a classificação do Brasil como 6ª economia do mundo, ocupando o lugar do Reino Unido que desce para a 7ª posição. A mudança realizada por economistas foi publicada pelo jornal inglês The Guardian.
É de se imaginar como isso será utilizado como sinal de avanço e obra do governo federal, afinal não é todo dia que um país do chamado terceiro-mundo assume posição dessas. Antes o Brasil estava à frente no futebol, agora as coisas começam a se inverter. O futebol brasileiro passa por grande crise na qual a palavra que mais se ouve é “repensar”. O atual técnico da seleção brasileira concedeu entrevista na qual declarou que o que nos falta no futebol é continuidade. A verdade é que o Barcelona deitou e rolou sobre o time do Santos, na final do mundial realizada no Japão, e pôs a nu algo que todo mundo sabia, mas não acreditava. Mas, o mais duro foi ouvir dos vencedores que estão fazendo o que nós sempre fizemos, ou seja, jogar bem, coletivamente e com a participação de grandes jogadores no elenco.
Deixando de lado o futebol constata-se ser difícil entender a atual conjuntura do mundo. Mesmo os mais dedicados leitores da imprensa mundial, aqueles que acompanham de perto toda a movimentação política e econômica dentro e fora do país, encontram dificuldade em fechar num só novelo tantas informações que, no fundo, parecem desencontradas. Então, o Brasil é a 6ª economia do mundo? E como se explica essa vertigem de problemas não resolvidos, a espantosa crise no setor de saúde, a desigualdade social, a violência que cresce a cada dia etc.? E o país chegou a essa posição apesar de tanta corrupção revelada e sabendo-se que há muito, muito mais dela da qual não se tem notícia? Que dizer do atual governo federal cuja presidente da República goza de notável aprovação pública ainda que, na verdade, seu governo esteja mais que claudicante e não tenha mostrado, pelo menos até agora, a que realmente veio?
Mas, o Brasil é o Brasil e entendê-lo nunca foi, nem é fácil. Neste gigante territorial existe um povo mais dado a deixar para lá os problemas cruciais porque há que se viver, melhor dizendo, sobreviver. Verdade que nos dias de hoje viceja mais atenção do povo em relação aos problemas que mais afetam a vida cotidiana. Movimentos de algumas categorias de trabalhadores buscam a melhora de serviços públicos, o que não deixa de ser bom sinal. Outro bom sinal é o de gente saindo às ruas, protestando para exigir medidas que melhorem a situação de atendimento às necessidades dos cidadãos.
Para ficar num só problema eis que a 6ª economia do mundo convive com uma tremenda crise no setor de saúde pública. Diariamente os jornais televisivos exibem imagens de péssimas condições de atendimento em várias partes do país. Dias atrás, por exemplo, divulgou-se a situação esdrúxula de pacientes submetidos a hemodiálise em local totalmente fora dos mínimos padrões requeridos para esse procedimento; ou a de um hospital cuja recomendação é ser fechado dada a precariedade da situação em que funciona.
Se o assunto é saúde vale citar o engajamento das entidades médicas com seus permanentes alertas em relação à situação da medicina no país. No momento deplora-se a reprovação do Senado Federal aos apelos das lideranças e entidades médicas para que fossem destinados mais recursos ao SUS. Discute-se, também, a política nacional de criação de novas escolas médicas dados os problemas do baixo nível apresentado por médicos em provas avaliativas de seus conhecimentos e a desigualdade de distribuição de profissionais no território brasileiro.
É benvinda a notícia de que o país galga a sexta posição entre as economias do mundo. Mas, para quem está aqui dentro, quem vive hoje no Brasil, é de se perguntar no que isso refresca a vida do cidadão que enfrenta toda sorte de problemas, destacando-se a violência e a falta de recursos na área de saúde, isso para ficar apenas em duas das questões que estão a exigir dos governantes ações rápidas e acertadas.