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O fim de um planeta

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Não se trata de ficção: o planeta gigante Wasp-18b, recentemente descoberto, está com seus dias contados. De fato, ele está prestes a ser engolido pela sua estrela-mãe da qual está separado por apenas 2 milhões de quilômetros.

O detalhe é que esse “está prestes” significa um tempo igual a 500 mil anos. Note-se que 500 mil anos é muito pouco diante do tempo total vida de uma estrela, conforme explicam os astrônomos.

Assim, o destino de Wasp-18b está selado. A cada dia o planeta completa uma órbita inteira e a hipótese é a de que esteja seguindo o trajeto de uma espiral para dentro, fato que o levará ao choque com a estrela.

A brevidade do tempo que resta a Wasp-18b impressiona. Apenas 500 mil anos o separam do terrível momento em que a estrela-mãe, essa desalmada Pacman do universo, o engolirá. Nada se pode fazer para impedir algo talvez determinado por forças do mal comandadas por algum Darth Vader inimigo de planetas.

O problema em relação à brevidade do tempo fica por conta do período de duração da civilização humana. As civilizações humanas de que temos noticias floresceram há 6 mil anos AC; somando-se a eles os 2 mil anos DC, chegamos a  míseros 8 mil anos. Daí que os tais “apenas 500 mil anos” que restam a Wasp-18b representam para nós, pobres mortais, algo como a própria eternidade ainda mais se considerarmos que raramente atinge-se a marca dos 100 anos de idade.

Entre os temas prediletos de Machado de Assis estão o da passagem do tempo, a brevidade da vida, a morte, e o caráter perecível das coisas. Tudo acaba e as gerações passam. A vida é breve, que o digam as lápides dos cemitérios que se entreolham em silêncio. Entretanto, no breve período de menos de uma centena de anos somos capazes de experimentar a sensação de imortalidade e fingimos que nossas conquistas são eternas. Amor, ódio, paixão, alegrias, tristezas e emoções são vividas às últimas consequências, sem o vislumbre de que somos, à semelhança das coisas, seres perecíveis. Assim é o homem e a vida não teria sentido caso não a entendêssemos desse modo.

A proximidade com pessoas e coisas nos apóia e dá singularidade à nossa existência. Sendo assim, idéias como as de universo, longas e intransponíveis distâncias, morte de planetas e anos contados aos milhares não nos soam bem dado que nos apequenam por demonstrar a insignificância do homem. Salva-nos em parte a noção de continuidade da vida através da geração de filhos aos quais, assim esperamos, transferimos o legado da nossa civilização. Ainda assim, prevalece a brevidade da história do homem e a de nossas vidas.

Vida longa a todos nós que não passamos dos 100 anos!

Vida longa ao planeta Wasp-18b ferido de morte e com apenas 500 mil anos à frente para chorar as suas mágoas galácticas.

Que ainda existam homens na Terra – e a própria Terra - no dia fatal para juntos chorarem o desaparecimento de Wasp-18b!

Escrito por Ayrton Marcondes

28 agosto, 2009 às 8:59 am

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