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Assassinatos

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Dizia o velho Tunga que bala de revólver iguala ricos e pobres, brancos e negros, enfim toda e qualquer categoria humana. Bala de revólver não respeita a pele de ninguém - completava o velho.

Todo mundo sabe disso. Ainda assim assassinatos, por mais rotineiros que tenham se tornado, impressionam. A estranheza da morte abrupta, provocada, inesperada, incomoda. Como é possível alguém ter a coragem de interromper a trajetória de vida de um seu semelhante? Será possível que o rapaz que tira a vida de alguém, aleatoriamente escolhido, num semáforo não venha a sentir nenhum arrependimento pelo seu terrível ato? Como se comportará o seu pensamento no momento em que repousar a cabeça no travesseiro e repassar as ações que terá praticado durante o dia, inclusive aquela em que disparou seu revólver contra um desconhecido, matando-o? Parecerá a ele absolutamente natural o ato hediondo a ponto de propor-se a repeti-lo seguidamente em busca de bens suprimidos ao acaso tais como um relógio, uma bolsa, um anel ou sabe-se lá o quê?

E quanto ao homem que se levantou naquela manhã, barbeou-se, vestiu-se e saiu de casa sem nem por um instante imaginar que em pouco chegaria a sua vez, a terrível e inesperada vez na qual sua vida seria suprimida por um desconhecido cuja trajetória se cruzaria com a dele por puro acaso?

Melhor nem pensar e ater-se aos fatos. Um homem de 75 anos, autor de 27 livros traduzidos em vários idiomas, diretor-presidente de uma grande editora, professor de Teologia Moral e Bioética, conferencista conhecido no Brasil e no exterior, licenciado em Lyon e doutorado em Roma, professor licenciado na Universidade Católica de Lisboa e na Universidade de Berkeley, um homem extremante produtivo. Ia ele em direção ao Rio de Janeiro quando o carro em que viajava foi abordado por dois bandidos e um deles disparou o tiro que roubou a sua vida.

Chamava-se Antônio Moser, dirigia a Editora Vozes, era frade e fazia o trajeto entre Petrópolis e o Rio.