Eike Batista perde US$ 7 bilhões at Blog Ayrton Marcondes

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Fortunas

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Cada um tem sua relação com o dinheiro. Há quem o despreze e o considere nada mais que mal necessário à sobrevivência. Um parente fazia questão de amassar todas as notas antes de enfiá-las nos bolsos. Tratava o dinheiro com raiva. Proprietário de pequeno comércio praticamente atirava o troco em direção aos fregueses. Desnecessário dizer que morreu pobre, entre ele e a moeda corrente no país inexistia qualquer tipo de empatia.

Outro sujeito valorizava demais o dinheiro. Pão duro declarado nunca levava nem mesmo centavos no bolso. Desconfiava da moeda nacional e trocava tudo que recebia pelas “verdinhas”. Era aficionado do dólar único bem que para ele tinha algum significado. Nunca usou o dinheiro para adquirir propriedades, tinha sempre carro velho no qual nem mesmo estepe havia. Fumava cigarros da marca “Se Me Dão” e jamais pagava o café que tomava com um amigo. E tinha muito dólar escondido sob o colchão.

Conheço pessoas que gastam muito mais do que ganham porque para elas o que importa são as aparências. Perdem muito dinheiro, trocando carros de alto valor, mas o que vale para eles é estar à frente dos outros. Loucos pelo novo modelo ainda que esse só apresente uma lanterna diferente da do modelo anterior.

Disso tudo se pode falar porque essas pessoas fazem parte do universo no qual vivemos. São como nós, pertencem à tal classe média cujas delimitações mostram-se cada vez mais fluidas. Mas, que dizer dos caras que realmente são proprietários de grandes  fortunas?

Hoje se publica que o bilionário brasileiro Eike Batista, um dos homens mais ricos do mundo, ficou mais pobre de um dia para outro. Ele “perdeu” US$ 7 bilhões daí ter passado, da noite para o dia, de primeiro a terceiro homem mais rico do país. Repito: isso aconteceu de um dia para outro e mais: de 36º homem mais rico do mundo Eike passou a ser o 73º.

Bem, isso soa meio incompreensível para os mortais comuns. Falando sério, afinal o que é US$ 1 bilhão? Trazendo para mais perto, que representa a posse de US$ 1 milhão disponível? Então simplesmente não dá para imaginar o que se passa pela cabeça de um homem que perde US$ 7 bilhões.

Nunca tive amor ao dinheiro embora sempre o ache benvindo. Um amigo herdeiro de fortuna certa vez me disse que não achava graça na possibilidade de ter tudo o que quisesse. Era o tempo no qual computadores custavam caro e vivíamos querendo trocar os nossos por melhores. Ele não vivia essa ansiedade, tinha à mão os últimos modelos bastando querer. Achava isso um porre.

Daí que imagino ser para mim impossível entender a vida dos bilionários. Eles talvez vivam num mundo paralelo, quem sabe em outro planeta. O problema é que recebemos notícias sobre eles que - não tem jeito - aguçam a nossa curiosidade. Então repito a pergunta que não quer calar: como é que se passa mesmo essa história de perder  US$ 7 bilhões de um dia para outro?