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A Guerra Fria
Ouvi de um conhecido que pouco nos importam as eleições presidenciais norte-americanas. Segundo ele ganhe um ou outro vão nos ferrar do mesmo jeito. Americano é incontrolável, tem sede de dinheiro. Americano é um cara que só olha para o próprio umbigo. Os americanos são ricos às custas de explorarem o restante do mundo…
Trata-se do conhecido discurso dos que veem nos EUA o diabo que aferroa os pobres do mundo. Derrubam governos segundo seus interesses, deixam seguir guerras com grande mortandade coisa que um país líder do mundo tem obrigação de intervir. E por aí vai.
Trump dá medo? Diga-se o que se quiser sobre Hilary, mas o melhor é que ela seja eleita. Trump não inspira confiança. O cara não parece mesmo ser do bem. Ele confunde fronteira para impedir a entrada de imigrantes ilegais com o desejo de explulsar outras etnias. Não há meio termo no que diz. Ataca mulheres. Digamos que um presidente assim, caso venha a ser eleito, em nada contribuirá com a América abaixo do Equador.
O pior é que nessa confusão vai-se ressuscitando a Guerra Fria. Putin é um político esperto e sabe usar suas armas. Seu país não tem a força de ontem, mas ele age como se ainda tivesse. Não se sabe como as coisas seguirão depois da eleição norte-americana disputada por dois candidatos que só fazem falar um sobre os podres do outro.
Os mais jovens não viveram no mundo da Guerra Fria. Não conheceram a divisão em dois blocos e suas consequências ideológicas e práticas. Não sabem o que significa a possibilidade real de uma guerra com armas nucleares utilizadas por ambos os lados. A crise dos mísseis, em 1962, foi momento em que a tensão entre os EUA e União Soviética atingiu o máximo grau. Nunca o mundo esteve tão à beira de uma guerra nuclear. Aquele outubro tornou-se um pesadelo para o mundo. Aluno de ginásio na época lembro-me bem do que se dizia. Aproximava-se o fim do mundo e da civilização e nada poderia evitar que isso acontecesse. O sufoco terminou com acordos entre as grandes potências. Os soviéticos retiraram seus mísseis de Cuba e os EUA desmontaram seus mísseis na Turquia. O mundo pode respirar aliviado.
Verdadeira ou não a hipótese de Putin influenciar as próximas eleições nos EUA é um mau sinal. A Guerra Fria está enterrada, não há o menor sentido em ressuscitá-la. Além do que hoje o mundo é outro. As forças que se antagonizam mantêm algum equilíbrio. Entretanto, seria muito bom se EUA e Rússia se entendessem para acabar com as terríveis guerras em curso no Oriente Médio. O mundo precisa de paz. Sempre precisou.
Eleições norte-americanas
Aproximam-se as eleições norte-americanas das quais sairá o homem que responderá pela presidência da República do EUA nos próximos quatro anos. No momento verifica-se discreta vantagem na corrida presidencial para o atual presidente, Barack Obama, contra o seu adversário Mitt Romney.
Não vivendo nos EUA a opinião que temos sobre o que será melhor para os EUA e para o mundo fica na dependência do que se publica a respeito dos dois candidatos. Não há como esconder que a imprensa brasileira tem se mostrado favorável a Obama tantos são os artigos aqui reproduzidos, escritos por personalidades e jornalistas norte-americanos que veem na continuidade de Obama o melhor para o seu país.
Na verdade a tendência pró Obama é mais que esperada. O mundo atravessa crise que não se sabe no que vai dar e Obama pelo menos parece ser um sujeito sensato e incapaz de loucuras. Quanto a Romney não se sabe bem quem é ele e do que é capaz, temendo-se seu lado mórmon e o fato de sua riqueza pessoal não ser bem explicada. Além do mais Romney aparenta não conhecer bem as particularidades do mundo além das fronteiras dos EUA, isso sim fator muito preocupante.
Não é demais lembrar que o presidente dos EUA é o homem mais importante do mundo porque exerce poder sobre o maior contingente militar e econômico do planeta. Harry Truman, presidente dos EUA durante a Segunda Guerra, autorizou o lançamento das bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki; George W. Bush, também presidente dos EUA, decretou a invasão do Iraque; e por aí vai, podendo-se citar a enorme influência e mesmo ações diretas do governo dos EUA em vários países. A história da América Latina, por exemplo, é rica em episódios nos quais até governos de países foram mudados, tudo isso sob a gerência dos EUA embora isso seja sempre negado.
Por todas essas razões parece ser mais seguro e certo que os EUA não tendam a mudar o atual modo de agir em relação ao mundo, daí a preferência pela continuidade de Obama ser mais generalizada.
Superterça
Hoje é a chamada Superterça nos EUA. Eleitores republicanos vão às urnas para votar nas prévias que indicarão o candidato do partido à presidência do país. Do lado democrata as coisas já estão definidas: o atual presidente, Barack Obama, é o candidato à reeleição.
Do lado republicando o candidato mais destacado é Mitt Romney que tem contra si a desconfiança dos eleitores por ser mórmon. Ele é favorito em dois dos cinco Estados com maior peso entre os dez em que haverá a votação de hoje.
Os mórmons são adeptos da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias que, além de no passado abrigar casos de casamentos múltiplos, defende a família e opõe-se ao aborto, à eutanásia e ao casamento homossexual. Mas, como o fato de ser mórmon afeta a possibilidade de Romney vir a ser presidente? Acontece que o povo norte-americano parece ter se cansado da união entre o Estado e a Igreja, qualquer que seja a natureza dela. Devido a isso Romney tem sido frequentemente questionado sobre a influência da religião sobre o poder, em especial em relação a aspectos controversos, como o da utilização de células tronco, o aborto etc.
O mormonismo é a religião que mais cresce no mundo. No Brasil existem igrejas mórmons e o número de pessoas que professam a religião aproxima-se de 1 milhão. O segredo para o crescimento é espalhar missionários cuja função é divulgar a religião. Os jovens vestidos com camisas brancas bem passadas saem às ruas e visitam casas para divulgar aquela que acreditam ser a verdadeira religião. Eles propagam a salvação através do batismo e o fato de que cada um pode ser Deus, dado que Deus foi antes o que somos agora. O batismo é fundamental porque quando Jesus Cristo vier para o julgamento final Ele reconhecerá apenas aqueles que professaram a verdadeira religião. Por isso é possível batizar até quem já morreu. Para os mórmons a família é fundamental, estimulando-se os casais terem vários filhos. Por outro lado, mórmons devem abster-se do uso de álcool, drogas e qualquer produto que contenha cafeína.
O fato é que o mormonismo tem sido uma pedra no sapato de Mitt Romney. É sempre bom lembrar que o presidente dos EUA é considerado, não sem razão, o homem mais poderoso do mundo. Entre outras prerrogativas o presidente detém nas mãos a grande riqueza do país e a excepcional condição bélica que garante a intervenção em conflitos externos em nome dos interesses maiores do povo norte-americano.
Pode até ser que um dia os EUA percam sua ainda incontestável liderança no mundo. Mas, dada a importância do país, o resultado de eleições para presidentes norte-americanos interessam a toda a humanidade. É em relação a esse fato que acompanhamos, com apreensão, às nuances da campanha presidencial do grande país do norte cujas últimas ações guerreiras externas têm sido condenáveis, veja-se a atual situação do Iraque.