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Em 2017
Li que nada havia a se comemorar na passagem de ano. A expressão “Feliz ano novo” de modo algum se aplicaria ao momento em que vivemos.
Há quem diga que o mundo se aproxima do fim. Não há entendimento entre os homens, agrava-se a crise global, há guerras no mundo que não parecem terminar tão cedo, a Inglaterra sai da Comunidade Europeia, o imprevisível Donald Trump tomará posse, tornando-se o homem mais poderoso do mundo. EUA e Rússia falam em aumento de suas armas nucleares e um sujeito de quem não se sabe exatamente do que é capaz governa a Coreia do Norte. No Brasil a Lava Jato avança e denúncias crescentes colocam em risco o governo e os políticos. Economistas importantes declaram ser a atual a pior recessão na história do país. As cifras de desemprego são assustadoras. A economia vai mal e medidas de emergência tentam recuperá-la, embora não se acredite muito na eficácia precoce. A criminalidade explode, a pobreza é brutal, os serviços públicos vão de mal a pior, a segurança quase que inexiste, até o Supremo Tribunal Federal corre o risco de vir a ser desacreditado. Não se confia em autoridades, a crise de confiança é geral.
Então alguém escreve para lembrar-nos de que civilizações têm prazo de validade datado. Roma acabou após dominar o mundo por muito tempo, a exuberância dos astecas teve um ponto final, tudo acaba. Mesmo entre os animais a regra não pode ser subestimada. Não é que os répteis que dominaram no Jurássico um dia desapareceram, deixando-nos nada mais que cobras, jacarés e outros semelhantes que não fazem nem sombra aos gigantescos dinossauros?
Para um mundo no qual as notícias ruins tornaram-se cotidianas parece não haver esperança. Mas, de repente, um novo ano começa. Por hábito, costume, talvez até por vício, nos reunimos com pessoas a quem queremos bem e nos desejamos um próspero ano novo. Sonhamos com igualdade, fraternidade e fazemos juras de que seremos melhores daqui por diante. Entretanto, a realidade infelizmente não se demora a impor-se. Incêndios, matanças e rebeliões em presídios inauguram o novo período mostrando-nos que o mudo segue o mesmo, o mesmíssimo de ontem.
Mas, ainda é cedo. Quem sabe se os homens mantiverem sua fé e a esperança as coisas melhorem. Quem sabe o fim não esteja tão próximo como dizem os derrotistas.