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Decisão complicada
O ministro Celso Mello pode dizer que não se sente pressionado ao votar sobre a aceitação dos embargos infringentes no caso do mensalão. Ao que parece para ele tudo não passa de uma decisão apoiada nas letras do Direito, portanto nada a ver com emoção, sentimentos etc.
Pois eu não queria estar na pele do ministro na tarde de hoje. Se realmente a opinião pública não importa e a decisão sobre o sim e o não é apenas técnica ainda assim vale lembrar-se de que não se está a julgar a movimentação de coisas inanimadas, mas sim de crimes cometidos sobre os quais o país aguarda a decisão da suprema corte do país.
Está escrito nos jornais que na verdade hoje o que está sendo julgado é o próprio Supremo. Também já se publicou que amigos sugerem ao ministro Joaquim Barbosa o afastamento do Supremo em caso de aceitação de continuidade do julgamento do mensalão.
Que se diga: não se aguenta mais essa interminável história que mais se parece à procura da saída de um labirinto sem fim. Também que se diga que ao povo transparece que tantos direitos à defesa parecem ser prerrogativas garantidas à gente mais graúda, mais poderosa.
Acho que a essa altura muita gente está se perguntando o que faria se estivesse na pele do ministro Celso Mello. Confesso que teria dificuldade em ser membro da mais alta corte do país e tornar a julgar algo já julgado e decidido. A declaração de que aceitar os embargos não significa que as penas venham a ser reduzidas não convence. A corte de hoje não é a de ontem, novos membros chegaram a ela, demonstrando não estarem em acordo com o que foi anteriormente sentenciado.
Mas, será que um brasileirinho escolhido ao acaso no meio do povo, acusado de algum desvio de verba pública, será que esse brasileirinho contaria com tanta atenção e direitos de interpor recursos?
A ver como se comportará o STF nesse dia em que - se diz por aí - os ministros arriscam as suas credibilidades em relação aos brasileiros sem face que de longe os observam com tanta atenção e respeito.