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Ficção e realidade
O escritor chinês Liu Yongbiao foi condenado, no ano passado, por espancar quatro pessoas até a morte em uma pousada. Anteriormente, no prefácio de seu último livro, o escritor avisara que pretendia escrever sobre uma autora que comete vários assassinatos e consegue escapar.
Mas, a trajetória de Liu Yongbiao não para aí. Depois de preso confessou a uma emissora de TV que alguns de seus livros foram baseados em assassinatos cometidos por ele mesmo no passado. Num desses crimes teria matado um jovem de 13 anos, neto dos donos de uma pousada.
Ainda ontem o novo Ministro da Justiça, respondia a repórteres sobre o crescimento do número de casos de feminicídio. Tornou-se rotineira a informação sobre mulheres assassinadas por ex-maridos que não aceitam a separação. Tantos e tão diversos são os crimes que serviriam à produção de narrativas ficcionais baseadas em fatos. Veja-se o caso de um jogador de futebol assassinado por um grupo, depois de que teria assediado a esposa do dono da casa onde uma festa se realizava. O jogador foi levado pelos membros do grupo a local ermo onde seu pênis foi decepado antes de ter sido cruelmente assassinado.
Em matéria de ficção o cinema é de longe o maior propagador de tramas macabras, dessas que nos fazem afundar nas cadeiras ao serem exibidas nos telões. Muitos anos depois o filme “Psicose”, baseado no livro do escritor Robert Block, continua assustador. Mas trata-se de obra puramente ficcional. Entretanto, existem livros e filmes baseados em fatos. A não-ficção de Truman Capote - A sangue frio - baseada em acontecimentos reais foi levada à tela dos cinemas. Trata-se do brutal assassinato de uma família, acontecido numa cidade do Kansas, nos EUA. Os dois executores desse hediondo crime foram presos e, mais tarde, enforcados.
O casamento entre ficção e realidade se faz em torno de temas variados. No filme “O Pianista”, de 2003, por exemplo, assiste-se à trajetória de virtuoso pianista judeu-alemão que vê as transformações ocorridas em sua Varsóvia durante a Segunda Guerra. Sobrevivendo milagrosamente, após passar por toda sorte de vicissitude, o pianista retorna ao piano após o fim da guerra.
E que dizer sobre o fantástico “Titanic” dirigido por James Cameron? O filme reconstrói a tragédia do grande navio que, ao ser lançado ao mar, pretendia-se ser ”inafundável”. Entretanto, em sua primeira viagem, realizada em 1912, o luxuoso navio veio a colidir com um iceberg sendo essa a causa de seu naufrágio.
A realidade tem servido criadores de várias áreas como motivo de inspiração para a realização de suas obras, muitas delas geniais. Atraídos por narrativas impressionantes leitores e espectadores fruem dessas criações, submetendo-se ao encanto e magia propostos por seus realizadores.