O time de futebol Dundee FC, da segunda divisão da Escócia, está mal das pernas. Não se trata só de perigo de cair para a terceira divisão: o time está afundado em dívidas e precisa levantar dinheiro de qualquer maneira.

Eis aí um exemplo de esforço comunitário que deve servir como exemplo: no Dundee todos estão empenhados em salvar o clube. A coisa chega a ponto das mulheres e namoradas dos jogadores do time posarem em fotos sensuais. As fotos serão usadas para a fabricação de um calendário que será vendido para arrecadar dinheiro.

Está na internet: de um lado uma foto do goleiro Robert Douglas; de outro uma foto da mulher dele, Debbie, vestindo corselete e cinta liga, de costas, deixando ver as suas nádegas.

Não há como não admirar o desprendimento desses ilustres jogadores escoceses e o amor deles pela equipe em que jogam. O Dundee está pessimamente colocado na tabela do campeonato, mas suas finanças precisam ser salvas, daí o sacrifício dos abnegados jogadores e de suas mulheres de repente transformadas em pinups.

Cada povo tem a sua cultura, nela se incluindo os ritos de macheza dos homens que dele fazem parte. Não creio que no Brasil - onde entre os homens impera uma forma absolutista de relação com as mulheres - fosse possível acontecer algo semelhante ao que se observa na Escócia. Homem brasileiro não é dado a exibir sua mulher nem que seja por muito boa causa. Dirão que se trata de machismo antiquado, afinal o que é que tem? Talvez fosse melhor dizer que é assim e pronto. Mas, o fato é que os homens latino-americanos adoram essa aura de machões incontestes sendo que, por vezes, cometem barbaridades em nome dela.

Mas, a minha visão sobre o caso é obviamente comprometida pela condição de pertencer ao sexo masculino. Daí que pedi opinião a algumas mulheres sobre o acontecimento envolvendo a comunidade do Dundee FC. Elas adoraram, não viram nada demais. Houve quem dissesse que se as mulheres dos jogadores têm corpo bonito, por que não? Seria horrível se fossem feias e não tivessem jeito para a coisa. Elogiaram, ainda, o companheirismo das esposas e namoradas que saíram a campo para ajudar os maridos e o clube.

Perguntei às pessoas que entrevistei se posariam com roupas íntimas em prol de uma boa causa.  Uma, entre quatro, respondeu que não; outra disse não ter dotes para tanto; as outras duas disseram que sim, sem pestanejar. Depois perguntei se os maridos delas concordariam: ouvi, de todas, um sonoro não.

Taí, a Escócia é a Escócia, o Brasil é o Brasil, eles são bons em uísque, nós em futebol, melhor mudar de assunto.