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Depressão

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Dizem que não há como fugir dela pelo menos uma vez na vida. Mesmo os mais descolados podem enfrentar situações inesperadas que os levem a um surto depressivo. A perda de alguém muito querido e a ausência “para sempre” podem funcionar como gatilho para prolongada depressão.

Confesso que ao longo da vida sempre tive meus altos e baixos, ainda assim nunca me considerei propenso à depressão. Também confesso que, como todo mundo, já tive lá meus momentos de baixa e fiquei um pouco deprimido. Mas, não a ponto de ser jurado como um sujeito depressivo.

O problema é que a minha opinião sobre mim não conta com a concordância dos entendidos. Na última vez que fui ao médico ele me comunicou, solenemente, a necessidade de cuidar da minha depressão. Em vão protestei. Terminou com o médico me receitando um antidepressivo, embora avisando quanto a alguns detalhes de adaptação ao medicamento.

Não sei se você já tomou algum remédio desse tipo. O fato é que não se usa o tal impunemente. Para mim o efeito pareceu o de tomar algum veneno. Os efeitos colaterais foram terríveis. De nada adiantou mudar o medicamento, outro antidepressivo. Depois de alguns dias a mesma repercussão horrível, a náusea permanente, a sensação de estar num barquinho sendo jogado para todo lado durante tempestade em alto mar, ao sabor de ondas gigantescas.

Falo sobre esse assunto porque leio notícia sobre a tal “depressão de quartos”. Trata-se de um mal que sucede a pessoas que viajam muito a trabalho e passam noites e noites em hotéis. Nessas situações o quarto de hotel torna-se barreira a ser vencida. Ao abrir a porta do quarto o viajante sente o cheiro de coisa guardada e passa a enfrentar a solidão de um lugar que raramente parece a ele familiar.

Certa época passei alguns meses viajando a trabalho pelo Brasil. Achava interessante estar sempre em aeroportos, embarcar, desembarcar etc.  Com o tempo fui perdendo o interesse pela novidade. Lembro-me de que os quartos de hotéis foram se tornando cada vez menos convidativos, por melhores que fossem. Até que certa noite, se não me engano num hotel do Mato Grosso, bateu-me o desespero de achar que aquela “interessantíssima” aventura não teria fim. Veio a necessidade de estar em casa, junto da família, perto das crianças.

Era já madrugada quando capitulei. Liguei para a minha casa, acordei todo mundo e só depois de ouvir a voz de cada um deles, todos mortinhos de sono, consegui me deitar e descansar um pouco.

Mas, não sou um cara depressivo….

Escrito por Ayrton Marcondes

23 março, 2016 às 3:15 pm

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