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E o Iraque?
Os Estados Unidos (EUA) estão saindo definitivamente do Iraque após quase nove anos de invasão. O saldo da Guerra do Iraque é terrível: cerca de 120 mil mortos e enorme destruição do país. Em moeda os EUA gastaram 800 bilhões de dólares que economistas ajustam para 3 trilhões.
Os EUA invadiram o Iraque durante o governo do presidente norte-americano George W. Bush para colocar fim à produção de armas nucleares pelo governo iraquiano. Aconteceu que os soldados norte-americanos devassaram o território do Iraque e não encontraram vestígios da produção que serviu como justificativa para a invasão. Na época o povo norte-americano, enganado pelas notícias de produção de armas, apoiou a invasão; hoje em dia grande parte daqueles que foram favoráveis à Guerra do Iraque a repudiam.
Mas, ontem os soldados dos EUA recolheram a bandeira de seu país numa base área do Iraque. Bandeira retirada, ocupação encerrada e, apesar da perda de 20 mil vidas norte-americanas no Iraque, chegou a hora de voltar para casa. O Iraque? Ora, a ver como as coisas se ajustarão por lá dadas as correntes que querem dominar o país. O mais difícil é se acreditar que possa se estabelecer a democracia no país em curto prazo.
Os EUA, até agora a nação mais forte do mundo, sempre se impuseram a missão de vigiar o mundo para que as coisas sigam bem, ou seja, em acordo com os interesses norte-americanos. Proprietários de grande riqueza e apoiados no dólar os EUA dominaram o planeta na maior parte do século XX e início do XXI. Agora a pujança dos EUA parece não ser tão forte, embora permaneça. O atual presidente dos EUA, Barak Obama, enfrenta problemas internos que não consegue resolver e é de se pensar como um país que atravessa dificuldades econômicas – embora a sua riqueza – pode gastar tanto dinheiro em guerras externas como a ocorrida no Iraque.
A verdade é que a Guerra do Iraque foi um erro que custou aos norte-americanos vidas e muito dinheiro. Talvez dela mais nos lembremos da mentira utilizada para deflagrá-la, do episódio de Abu Graib e das cenas da execução de Saddam Husseim. No mais é preciso ver como os historiadores do futuro, livres das impressões de momento, tratarão desse assunto. Aos espectadores de hoje a foto da bandeira norte-americana sendo enrolada pelos soldados funciona como um alívio. Quem sabe a partir de agora o povo iraquiano possa encontrar um caminho mais leve de sobrevivência após anos da ditadura de Husseim e da terrível invasão norte-americana.
Adeus Iraque
Mais de sete anos depois os EUA retiram suas tropas do Iraque e legam à História uma muito mal tecida colcha de retalhos, alguns deles com uma inscrição ilegível, mas que bem poderia ser “não existem bonzinhos quando estão em jogo os interesses nacionais”.
A verdade sobre todos os fatos é que não existe verdade. No grande jogo de interesses as informações são manipuladas e as explicações muitas vezes tecidas sobre enormes farsas, a começar pela razão apresentada pelo governo Bush para invadir o Iraque: colocar fim às armas de destruição que o Iraque estaria desenvolvendo.
Com a humanidade em perigo, nada mais justo que os campeões da democracia tomassem para si a missão de salvar o mundo. Assim foi. Os norte-americanos desembarcaram no Iraque e, rapidamente, desestruturaram o Estado iraquiano, levando o país a um estado de confusão praticamente insolúvel no qual saques e violências não reprimidas tornaram-se norma. A motivação de prender Saddam Husseim, colocar fim à ditadura e devolver o país à democracia foi substituída por um estado de anarquia com conflitos de etnias e sempre muita violência.
Agora os EUA vão-se embora sem ter alcançado os resultados prometidos e, pior que isso, sem encontrar as armas de destruição que, afinal, nunca existiram. A essa altura é impossível prever o que acontecerá ao povo do Iraque daqui por diante. A torcida, obviamente, é para que as coisas se ajustem.
Da malfada Guerra do Iraque restam-nos fatos e imagens que dificilmente serão esquecidas. A derrubada da estátua de Saddam é uma delas, acontecimento seguido pela infeliz cobertura do rosto com uma bandeira dos EUA; os episódios de Abu Ghraib; e as terríveis cenas do enforcamento de Saddam Husseim. Isso sem falar em atentados…
Outra coisa sobre a qual se pode especular, mas não prever, é como o futuro narrará os fatos ocorridos durante a Guerra do Iraque. A impressão é a de que a História não será benigna com as ações do império norte-americano.