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A Índia na Lua
Enquanto prosseguem no planeta as irremediáveis desavenças entre os terráqueos o inescrutável espaço ao redor a tudo parece assistir em silêncio. Caso fosse possível a existência de seres inteligentes a nos observar o que achariam eles dessa marafunda na qual, a cada dia, os homens menos se entendem?
Aqui na Terra segue-se a obviedade de olhar-se para o próprio umbigo. Existimos só nós e ponto final. A imensidão do universo e o fato do planeta em que vivemos ser um quase nada dentro dele não nos afeta. Radicalismos, polarizações, guerras, miséria, fome, exclusões, conflitos doutrinários e outras tantas coisas acontecem diariamente sob a luz do Sol. Nada nos impulsiona a ponderar sobre a pequenez de nossa condição tendo em perspectiva ao espaço que nos cerca.
Mas, o homem é por natureza um explorador a quem fronteiras incomodam e, por isso, devem ser ultrapassadas. Existe um universo a ser explorado, se possível visitado. O corpo celeste mais próximo é o lindo satélite que embeleza o céu nas noites sem nuvens. Já pisamos lá e a saga da exploração da Lua continua a atrair governos que para lá enviam sondas. Estados Unidos, Rússia e China já pousaram com sucesso sondas na Lua. A Índia tentou fazer o mesmo, mas fracassou porque a sonda enviada acidentou-se ao pousar no satélite.
Hoje publicam-se fotos, divulgadas pela Nasa, do local do acidente da sonda indiana Vikram. As fotos foram obtidas por um satélite que orbita ao redor da Lua.
Os restos da sonda indiana localizados pela Nasa conduzem nosso olhar para fora do planeta e propiciam algum distanciamento da realidade que nos cerca. De repente torna-se possível lembrar da precariedade de nossa condição justamente num momento em que crescem os alertas sobre os perigos da grande destruição ambiental que ameaça a continuidade da vida. Advertências sobre o fato de ter-se chegado a um “ponto sem retorno” em relação à questão climática infelizmente têm sido ignoradas por governantes.
Observar os restos de uma sonda no ambiente sem vida da Lua causa-nos calafrios. Pode ser que num futuro distante a Terra também venha as ser um planeta sem vida, fotografado por seres de cuja existência desconfiamos.
Perdido em Marte
O espaço nos fascina. Saber sobre o que existe para além de nossas fronteiras, avançar no desconhecido, desvendar os mistérios do universo… Aventuras do pensamento. Só a magia do cinema logra aplacar pelo menos parte de nossos anseios. Talvez nisso resida grande parte do enlevo a que são arremetidos os cinéfilos diante das desoladoras imagens de Marte exibidas na telona.
Não se pretende aqui falar sobre detalhes do roteiro do magnífico filme de Riddley Scott. O que nos motiva são os momentos de total isolamento da personagem vivida por Matt Demon, o astronauta perdido em Marte. Trata-se de um homem fora do contexto a que estamos habituados, sobrevivendo às custas de dois fatores: coragem e conhecimento. Da fusão dessas duas características emerge um ser eminentemente humano capaz de driblar toda sorte de adversidades, conseguindo, afinal, resultado aparentemente impossível.
Estar longe de nosso mundo, terrivelmente só, pulsante de vida que a cada momento corre o risco de escapar. Percorrer paisagens inóspitas, avançando no desconhecido, acreditando sempre no que parece impossível. A aventura do astronauta isolado no planeta vermelho confunde-se com a própriaria trajetória do homem que conquistou a Terra, sobrepujando-se às demais espécies.
O filme de Riddley fascina, diverte. Mais que isso faz-nos pensar sobre a origem e o destino do homem. Viveremos aqui para sempre? Dominaremos o espaço que nos cerca? Ou nos perderemos como imigrantes em sóis estranhos, ícaros cujas asas não permitem os longos voos alimentados em nossos sonhos?
Ao futuro talvez pertençam respostas às nossas indagações.