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Vida de torcedor
Sou torcedor, não sei se feliz ou infelizmente. Torço pelo São Paulo fato que se explica: na minha família quase todo mundo torcia pelo tricolor, exceto meu irmão, corintiano, com quem tive brigas terríveis em dias de confronto entre nossos times.
Hoje em dia meu time segue com altos e baixos, mais baixos que altos. Fico preocupado nos dias de jogos. Tento fugir da TV para não sofrer muito. Ligo o aparelho, dou uma olhada para ver como as coisas estão indo, desligo para religar daqui a pouco. Ser torcedor não é escolha, é sina.
Hoje em dia não vou a estádios, mas já fui daqueles que acompanham o time do coração. Vi em ação, nos estádios, jogadores realmente fantásticos. Fui obrigado a me levantar e aplaudir de pé jogada de Pelé justamente contra o tricolor. Cheguei a ver jogando craques como Zizinho, em fim de carreira, vestindo a camisa do São Paulo. Presenciei treinamentos da seleção nacional de 1962 para a qual foram convocados craques fantásticos. O rachas de fim de tarde entre paulistas e cariocas, os paulistas com Pelé, os cariocas com Garrincha - só para ficar em alguns nomes – eram e sempre serão memoráveis.
Sempre entendi, como bom brasileiro, que nosso futebol era e é o melhor do mundo. Nesta terra em que tudo dá, o que sempre deu mais foram artistas da bola, tanto que a cada convocação chorava-se por esse ou aquele craque que ficara fora da lista.
Por tudo isso, confesso não compreender o que se passa, hoje em dia, com futebol do país. Inútil que se elenquem razões para a crise atravessada pelo futebol brasileiro. Não adianta que me digam que o Dunga não é bom treinador, que não há tempo hábil para preparação do time, que jogadores da seleção não têm interesse em defender o pais, que a CBF seja um antro de corrupção. Tudo isso pode ser verdade, ainda assim não se mostra suficiente para explicar os 7X1 da Alemanha, nem a desclassificação na Copa América, participando de uma chave impossível de tão fraca.
Meninos, eu vi. Chorei cântaros tão emocionado estava o ver nossas seleções lutando em campo, cada jogador tendo em mente de que participava de uma guerra. Lembra-se daquele Paulinho Valentim que fez os gols contra o Uruguai num jogo do Campeonato Sul-americano? Lembra-se do Didi pulando sobre um uruguaio na verdadeira briga de rua entre as duas seleções? Pois é, aquilo era o Brasil, aquilo éramos nós.
De modo que, amigos torcedores, torna-se preciso dizer que essa turma toda que hoje comanda, treina e joga pela seleção, não representa de fato o país. Não está no sangue deles a nossa tradição, nem a herança de uma história de que tanto nos orgulhamos.
Há esperança? Talvez. Mas, pelo andar da carruagem o melhor é não se esperar muito.