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As cinzas da quarta-feira

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Os últimos foliões passaram pouco depois das quatro horas da manhã. Eram cinco. O último deles arrastava um enorme chapéu de bruxa e mancava de uma perna.

Às cinco horas um cachorro ganiu longamente e ouviu-se, ao longe, o miado de um gato no cio. Pouco depois, um homem parou defronte a porta da nossa casa e chorou, copiosamente. Era o Beto, ainda inconformado com a minha prima Helenice que o deixara por um motorista de caminhão do Sul de Minas.

Às seis tocaram os sinos das igrejas de todas as cidadezinhas do Brasil. Nessa hora ouvi barulho na cozinha: minha tia Joana colocava lenha no fogão para o café da manhã.

Não demorou muito para que se ouvissem passos na rua. Eram os fiéis que se dirigiam à igreja, atendendo ao chamado dos sinos. Em pouco começaria a missa e os fiéis receberiam, nas testas, o sinal de cinzas da quarta-feira.

De repente, terminara o carnaval e entráramos na quaresma. Eu tinha treze anos de idade e constatei, espantado, que o tempo passa depressa. Depois devo ter dormido porque só me lembro de minha mãe me chamando, mas talvez isso tenha acontecido num outro dia, bem longe do carnaval.