Filme “o Farol” at Blog Ayrton Marcondes

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Farol

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Não sei se o gênero ainda persiste, mas eram comuns livros sobre curiosidades. Então não havia internet daí a dependência total de livros para a obtenção de cultura e informações. O Google é poderoso auxiliar na busca de qualquer tipo de informação. Não sei se cem por centro confiáveis, mas os textos do Google tornaram-se indispensáveis. Antes dele vigoravam as enciclopédias. A melhor delas, a Britânica, em inglês, comercializada entre nós, contava com inúmeros adeptos.

Hoje em dia o acesso a informação é instantâneo. Mesmo os assuntos de natureza técnica podem ser acessados ou buscados em livros dada a maior disponibilidade de obras em português ou traduzidas. Em meus tempos de faculdade a pesquisa era difícil. A bibliografia reduzida de alguns temas gerava dúvidas e confusão. Lembro-me bem de uma prova de patologia para qual me preparei num livro em espanhol. Fui bem na prova e recebi nota dois. Diante disso pedi revisão de prova. O assistente da matéria atendeu-me, gentilmente, mas desconsiderou respostas nas quais, inadvertidamente, misturei o português com o espanhol. De nada valeram minhas objeções sobre um texto que, afinal, estava correto. A nota permaneceu dois.

Em casa de meu pai havia um livro sobre curiosidades o qual devorei na minha infância. Se bem me lembro foi nele que minha atenção foi, pela primeira vez, dirigida à existência de faróis. Constava do livro um capítulo sobre as sete maravilhas do mundo antigo. Uma delas era o Farol de Alexandria que figurava ao lado do Colosso de Rodes e outras. O Farol de Alexandria foi construído, em 280 aC por ondem do faraó Ptolomeu. Encarregou-se da obra o arquiteto e engenheiro grego Sóstrato de Cnido. Feito de mármore o farol situava-se na ilha de Faros, próxima a Alexandria, no Egito. Em seu topo, à noite, ardia uma chama que, por meio de espelhos iluminava até 50 km de distância para guiar navegantes.

Faróis são constantemente utilizados em obras de ficção. Funcionam muito bem em tramas situadas em ilhas distantes onde faroleiros vivem isolados. Acossadas por mares revoltos e fornecendo ambientes sombrios as ilhas onde existem faróis servem muito bem ao desenrolar de tramas nas quais homens são submetidos a situações estressantes que, não raramente, os conduzem a delírios e atitudes tresloucadas.

O filme “O farol” estrelado por Willian Daffoe e Robert Pattinson faz parte da galeria de obras descritas no parágrafo acima. Dirigido por Robert Eggers a narrativa é o relato de acontecimentos envolvendo um marinheiro e seu ajudante destacados para um período em que devem tomar conta do farol. Filmada em preto-e-branco e desenvolvida numa atmosfera propícia à perda da razão a trama mostra como a solidão e o isolamento permitem aflorar fantasmas até então soterrados no espírito dos dois homens.

Em Colônia do sacramento, Uruguai, existe um farol. Se não me falha a memória talvez seja este o único farol de que me aproximei até hoje.