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Dor nas costas
Meu sobrinho reclama de dor nas costas. Conta que todo dia acorda com dor de cabeça que só melhora com o uso de analgésicos. Ele tem quase 40 anos e diz que coisas assim não tem jeito porque resultam do passar do tempo. Não que ele se sinta velho, afinal joga tênis nos fins de semana e sente-se em forma.
Falo ao meu sobrinho sobre a minha experiência com dores nas costas e cabeça. Muito antes do 40 anos de idade eu já convivia com o problema, principalmente dores de cabeça. Ainda não entendera que sofria de enxaquecas e me entupia de analgésicos para debelar a dor. O problema se agravava nos fins de semana quando íamos ao interior. Eu trabalhava muito naquela época - aos sábados inclusive - e acordava nos domingos em péssimo estado. Não me dava conta de que, no interior, dormia num péssimo colchão onde meu corpo afundava irregularmente, pressionando o pescoço. A dor de cabeça nascia no pescoço por agressão noturna às vértebras cervicais. Depois vinha o latejamento, a hemicrania, enfim os terríveis comemorativos que sucedem durante a crise de enxaqueca.
Também falei ao meu sobrinho sobre o que me acontecia durante viagens ao exterior. Em geral nessas viagens eu sofria de dores de cabeça muito fortes. Isso acontecia porque, aliado ao efeito negativo de colchões de hotéis eu carregava muitas sacolas obtidas nas tais compras que se fazem no exterior. O peso das sacolas carregadas durante horas tinha efeito explosivo na deflagração das crises de dor. Certa vez, estando no metrô de Nova York, fui acometido por uma fortíssima crise de enxaqueca que me levou ao quase desmaio. Não sei qual a sensação que deve preceder a morte, mas aquela crise terá sido um bom ensaio sobre os instantes finais do fim da vida.
Perguntei ao meu sobrinho sobre o colchão em que ele dorme. Disse-me ser velho, precisa trocá-lo. Ele dorme sem travesseiro e acorda com o pescoço duro, isso a toda manhã.
Escrevo sobre isso porque depois que tomei algumas precauções as coisas melhoram bastante. Não vou aqui citar tudo o que se pode fazer para reduzir as dores nas costas e na cabeça. Entretanto, um bom começo é o uso de um bom colchão, nem mole, nem duro, confortável. Ajuda muito a experiência com travesseiros até encontra-se aquele que permite o repouso da coluna cervical. Exercícios físicos adequados e sessões de relaxamento são importantes, a isso se aliando cuidados com a postura, RPG, alongamento e mesmo fisioterapia quando indicada por profissional da área.
Mas, o meu sobrinho é forte e a vida sobra nele. Pelo jeito deixará tudo isso para depois e continuará com os seus males até que eles se tornem realmente insuportáveis. Digo isso a ele que me responde que, de jeito nenhum, vai deixar que isso venha a acontecer. Amanhã mesmo, se tiver tempo, comprará um colchão novo e vida nova daqui pra frente. O problema está nesse “se tiver tempo”. Aconteceu comigo, acontece a toda gente deixar para amanhã algo que pode melhorar muito o nosso dia-a-dia.