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Agressões e atentados
Fala-se muito sobre as agressões ao Papa e a Berlusconi. Analistas temem que as agressões ocorridas estimulem outras. O que dizem é que tanto o Papa quanto Berlusconi têm algo em comum: ambos representam a exteriorização do poder, embora em esferas diferentes.
A cena de agressão ao Papa, filmada por cinegrafista amador, impressiona. Um velhinho carregando às costas o poder milenar da Igreja é arrastado ao chão por uma desconhecida. Não importa que ela apresente distúrbios mentais: foi ao coração da Igreja que ela se dirigiu, sabe-se lá com que intenções caso pudesse consumar o seu ato.
O ataque a Berlusconi me fez lembrar o assassinato de Pinheiro Machado, ocorrido em 1915. Pinheiro Machado foi senador da República e um dos mais influentes políticos de seu tempo. Era do tipo que fazia presidentes. Aconteceu em relação a ele uma campanha difamatória por parte de seus adversários, incluindo-se a participação da imprensa. Os crescentes protestos contra Machado levaram um desconhecido, Francisco Manso de Paiva, a apunhalá-lo no hall do Hotel dos Estrangeiros, localizado na Praça José de Alencar, no Rio de Janeiro.
Décadas depois, Manso de Paiva, já bem velho, foi entrevistado na televisão. Perguntado sobre o seu arrependimento em relação ao assassinato de Pinheiro Machado respondeu que não se arrependera, faria tudo de novo pelo bem do Brasil. O curioso é que o entrevistador era um advogado chamado Leopoldo Heitor, também ele suspeito como responsável pela morte de Dana de Teffé, bailarina cujo corpo nunca foi encontrado.
Depois do atentado que sofreu Berlusconi fez um pronunciamento destacando a campanha movida contra ele e chamando a atenção para possíveis consequências, ainda mais drásticas. Segundo ele, espíritos mais inquietos e impressionáveis podem se tornar móveis de ações terríveis.
Curiosamente, foi que aconteceu em relação a Pinheiro Machado.