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Primeiro do ano

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O ano novo chegou ao Nordeste com uma hora de atraso devido à inexistência do horário de verão. Em Maceió os fogos espocaram normalmente em Pajussara e na Ponta Verde. O céu se encheu de brilhos fugazes, assim como são as breves alegrias da vida.

Mas, tudo estava no lugar certo. A lua cheia fez o que pode para emprestar gala à noite; as luzes da cidade deitaram-se sobre o mar, itinerantes porque esmaecidas por um ou outro brilho inesperado.

Marte fez o de sempre, brilhou como quem foge,seguindo as ousadas rotas que levaram os poetas a alcunhá-lo de Vésper.

Em terra os homens contaram juntos os últimos dez segundos de 2009, do mais alto ao zero. Então estranhos deram-se as mãos como se fossem velhos conhecidos e abraçaram-se. Foi quando os navios ancorados no porto apitaram longamente, saudando o novo ano que se iniciava.

Por breves instantes a Terra pareceu ter parado e os homens foram felizes. Assim aportamos em 2010.

Escrito por Ayrton Marcondes

1 janeiro, 2010 às 10:19 am

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Da necessidade de Papai Noel

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natalEle existe, sim, não duvidem. Ainda bem, porque mais que nunca precisamos muito dele. De fato, o bom velhinho com sua barba longa, roupa vermelha e os seus ho, hoo, hooos é figura indispensável nos dias atuais.

Ele que anda por aí em seu trenó puxado por renas consegue, através de sua simples presença, gerar um clima de euforia ainda que injustificável dadas as circunstâncias do cotidiano que nos cerca.

Nessa coisa de alegria acima de qualquer coisa, Papai Noel é de fato imbatível. Nenhuma personagem criada pelo homem consegue reunir tantos predicados positivos quanto o Papai Noel. E isso não é válido apenas para as crianças: os adultos vêem no bom velhinho o lastro de magia que falta a eles no cotidiano de vidas abafadas por pressões, desencontros e dificuldades de toda ordem.

Quem duvida que saia às ruas e procure sentir o pulso da vibração popular. São pessoas correndo para todos os lados, comprando presentes, abraçando-se. Papai Noel está em seus corações.

Dirão que isso acontece todo ano, afinal natal é natal, momento de confraternização e ponto final. Não sei. Há no ano que termina algo de diferente, como se mesmo entre estranhos houvesse busca de maior solidariedade. Pode-se captar por aí um sentimento de que as pessoas precisam uma das outras, mais que antes parece necessário a elas darem-se as mãos para que uma corrente positiva de pensamentos se estabeleça.

Vocês não notaram nada disso?  Estou exagerando? Acho que não. Creio que a fraternidade aumenta nos momentos em que, ainda que subliminarmente, as pessoas se dão conta de que algo maior está acontecendo e as ameaça. É aí que entra toda essa história de aquecimento global, escalada da violência e mesmo a hipótese de fim das espécies por um colapso global.

Multidões agindo em uníssono adquirem força e respeito. Pode-se, por exemplo, não ter nenhuma religião ou não acreditar em Deus. Mas não há com negar que as multidões formadas por pessoas tão díspares que se reúnem em torno da Padroeira, em Aparecida do Norte, gerem um tipo de energia desconhecida, bastante palpável naquele lugar. Acontece lá; acontece por aí por ocasião do natal.

O Natal está chegando. Recebo abraços inesperados e sorrisos com os quais não contava. Observo maior candura em olhares e as pessoas parecem cansados de brigar tanto. Há, sim, sempre alguém mais grosseiro, pronto para faltar com as gentilezas no trato.  Mas, não são muitos.

O que leio nos semblantes é que as pessoas estão mais atentas ao significado do Papai Noel. Por isso, ele é indispensável ainda que não possa nos dar de presente tudo aquilo que gostaríamos, tal como homens públicos mais responsáveis, menos corrupção e violência, redução da fome e da miséria e assim por diante.

Não adianta resistir porque no fim teremos que concordar: a grande personagem do 2009 que termina é o Papai Noel. Ele é “o cara”.

- Ho, hoo ,hooo.