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Treinamento para fuga
Numa roda de pessoas conhecidas a conversa gira sobre violência e chega-se à conclusão de que só nos resta rezar para que nada nos aconteça. Cada qual fala sobre pelo menos um crime recente, revelando espanto sobre a ousadia dos bandidos e a ineficácia dos mecanismos de proteção individual e coletiva. Por trás de toda a conversa existe a certeza de que o mal é rotina sem que os que o praticam sintam-se culpados. Uma criança atira e mata pessoas, maquinalmente, como num jogo. O criminoso é um cidadão amoral e isso diz tudo.
A certa altura alguém se posiciona contra os indultos, aquela história dos presos serem liberados para visitar as suas famílias com data estabelecida para retorno ao presídio. O fato é que muitos não voltam e boa parte sai da prisão para praticar novos crimes durante as “férias” que lhes foram concedidas. Argumentos contrários a isso não surtem efeito: os presentes endossam a opinião de que os indultos são absurdos, favorecendo o aumento do número de criminosos nas ruas e, potencialmente, o perigo para a população.
Mas o que mais escandaliza aos presentes é a notícia de que, na Bahia, existe um presídio no qual os detentos são treinados para fugir. Obviamente, existe uma explicação para o fato: o presídio, com capacidade pra 250 detentos, foi construído numa área entrecortada pelos dutos do Pólo Petroquímico de Camaçari, a 30 km de Salvador. Trata-se de uma área na qual, em caso de emergência, há necessidade de evacuação em 10 minutos. Por essa razão, os presos são orientados sobre rotas de fuga e existe a obrigatoriedade de abertura eletrônica dos portões para que eles possam sair caso ocorra emergência.
De nada adianta explicar que o presídio destina-se somente a presos em regime semiaberto. A construção do presídio, a apenas 400 metros dos dutos, é considerada absurda. E por mais que as pessoas se esforcem ninguém se convence da utilidade de uma prisão onde detentos recebem orientações para fugir.
- Só no Brasil, afirma um rapaz.
Não sei não. O mundo anda tão louco que talvez esse tipo de coisa aconteça também em outros países. Pode não ser coisa só nossa.