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O inolvidável Hitler
Se há um serviço que Hitler prestou a escritores e editoras foi o de fornecer assunto para intermináveis publicações. Hitler vende. Basta visitar qualquer livraria e dar uma olhada geral nas bancas: você certamente encontrará vários livros que trazem o nome do genocida na capa.
Ontem fui a uma livraria e dei com livros relacionados ao ditador nazista. O primeiro deles não é novidade, mas creio que seja edição recente, publicada pela Zahar. Trata-se do conhecido texto escrito pelo escritor Thomas Mann. O livro se chama “Ouvintes alemães”, “Discurso contra Hitler”. Nesse texto de 1940 Mann fala sobre a sua convicção de que Hitler não ganharia a guerra. Baseava-se ele em razões morais e metafísicas, mais que militares.
Outro livro publicado pela Zahar chama-se “Guerreiros de Hitler”, de autoria de Guido Knopp. O autor analisa a atuação de seis nazistas, mostrando que, em alguns casos, houve arrependimento por terem acreditado no Fürer. Duas das personagens analisadas são o marechal-de-campo Erwin Rommer e o estrategista Eric Von Manstein.
“Os órfãos de Hitler” é um romance de Paul Doswell que conta a história de um menino polonês de origem judaica cujos pais foram mortos pelos nazistas. Graças ao seu aspecto físico, o menino chamado Piotr Bruck é adotado por nazistas e assiste a cenas terríveis que o colocam em crise.
“A Biblioteca Esquecida de Hitler”, publicado pela “Companhia das Letras”, resulta da pesquisa feita por Thimothy W. Ryback. A intenção do autor é a de catalogar e mostrar os livros que moldaram a vida do Fürer.
Esses são os livros que trazem o nome do homem na capa. Ao lado deles existem outros sobre a Segunda Guerra, o genocídio e assuntos relacionados aos graves eventos iniciados em 1939.
Se fizermos bem as contas veremos que os leitores brasileiros são – e sempre foram – muito bem servidos em relação ao assunto nazismo. Bem até demais. Que a Alemanha viva em permanente crise em relação à sua participação histórica vá lá. Mas o Brasil? Por que se publicam tantos títulos sobre o assunto em nosso país?
Obviamente, em se considerando que o ramo dos livros é um negócio, as publicações justificam-se porque existe um público leitor para elas. Ou seja: há investimento e existe retorno, fato que nos leva a outra pergunta: por que os brasileiros consomem tanto o hitlerismo?
Não me meto a responder embora me passem pela cabeça algumas razões para essa forma de atração fatal. Aos que possam alegar fins educativos e formas de conscientização digo que isso pode até ser correto, mas não se trata do principal.
Bem, os livros que vi são esses. Se você estiver interessado, fique à vontade. Confesso que à exceção do texto de Thomas Mann – que li no passado – os outros não me interessam agora.
Essa história de nazismo é importante, mas também cansa. Basta lembrar do cinema que não dá folga em relação a isso.