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George Gershwin

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Ainda me lembro da primeira vez em que ouvi “Rhapsody in Blue”, concerto para piano e orquestra. Eram os anos 60 e o máximo era ter em casa um aparelho de som estereofônico. O lançamento de gravações utilizando dois canais monoaurais distintos começara em 1957. No Brasil o “top de linha” e objeto de desejo dos consumidores nos anos 60 era a radio vitrola Telefunken Dominante que, para a época, tinha um som incrível. Ainda hoje muita gente anuncia na internet a venda desses raros equipamentos que atraem colecionadores interessados.

“Rhapsody in Blue” é música de autoria do compositor norte-americano George Gershwin e traduz com perfeição e grande beleza rítmica a fusão do jazz com a música clássica. George Gershwin caracterizou-se por ser compositor genial legando-nos, juntamente com seu irmão Ira Gershwin, composições muito conhecidas e que ainda hoje fazem parte do repertório de grandes artistas da música.  Entre os sucessos do compositor e pianista estão “Our love is here to stay”, “The man I love”, “Summertime” e muitas outras. Além disso, compôs a ópera “Porgy and Bess” e “An American em Paris”.

Não custa ressaltar que as obras citadas acima se constituem apenas em pequena parte das composições de Gershwin que se caracterizou por ser extremante prolífico, inclusive musicando filmes. Também vale repetir que George Gershwin foi de fato um gênio que desde cedo se dedicou exclusivamente à música e manteve relacionamento próximo com compositores como Maurice Ravel e Igor Stravinsky.

Entretanto, a carreira musical de George Gershwin encerrou-se prematuramente. Em 1937 o compositor, que então tinha 38 anos de idade, começou a ter dores de cabeça e reclamar que sentia o cheiro de borracha queimada. Tratava-se do desenvolvimento de um tumor cerebral denominado Glioblastoma multiforme. Em julho daquele ano Gershwin teve um colapso e veio a falecer durante cirurgia para retirada do tumor.

George Gershwin morreu no dia 11 de julho de 1937, completando-se, no dia de ontem, 75 anos desde o seu desaparecimento. Ainda possuo um disco de vinil, adquirido na década de 80, com a gravação de “Rhapsody in Blue” executada pela Filarmônica de Nova York regida pelo maestro Leonard Bernstein. Não sou capaz de dizer quantas vezes ouvi esse disco que certamente faz parte da minha história sentimental. Hoje em dia pode-se encontrar no You Tube vídeos mostrando partes dessa fantástica realização de Bernstein. Caso interesse ao leitor basta digitar o nome de George Gershwin no You Tube para assistir a s interpretações de músicas de Gershwin por artistas como Frank Sinatra, Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan, Fred Astaire e muitos outros.

Eu era um rapazote quando ouvi, certa vez, que um cérebro genial como o George Gershwin era muito diferente daí o desenvolvimento do tumor na cabeça que cedo o vitimou. Embora a afirmação não tenha lastro científico o fato é que intriga-nos a existência de pessoas especiais como George Gershwin.

Brian Wilson Reimagines Gershwin

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Aí está Brian Wilson reinterpretando a obra dos irmãos George e Ira Gershwin, naquilo que se convencionou chamar de “re-imaginação das músicas dos Gershwin”. O álbum se chama “Brian Wilson Reimagines Gershwin” e se compõe de doze faixas re-imaginadas pelo gênio de Brian.

Não deixa de ser emocionante ouvir a “Rhapsodhy in Blue”, de George, vertida pela imaginação de Brian. Trata-se do encontro atemporal de dois gênios. George Gershwin (1898-1937) compôs para a Broadway e músicas clássicas e populares. Suas composições têm sido gravadas ininterruptamente por artistas de renome e são muito conhecidas. Muita gente ouve composições como “Summertime” e “Love Is Here To Stay” sem identificá-las como de autoria de Gershwin.

George Gershwin morreu precocemente, aos 38 anos, de idade, vitimado por um tumor cerebral. Na ocasião estava em Hollywood, trabalhando numa partitura, e sofreu um colapso; a morte sobreveio durante cirurgia para retirada do tumor.

Brian Wilson é o grande criador dos Beach Boys que mudaram os rumos da música pop nos anos 60. Considerado um dos mais criativos e influentes compositores do século XX, Brian atingiu limites inimagináveis para a sua época com composições incríveis. O álbum “Pet Sounds”, de 1966 é tido como marco da música contemporânea e, quando não o primeiro, o segundo maior de todos os tempos.

Entretanto, o Brian Wilson que se ocupa da obra de Gershwin pode ser considerado como um renascido. No final dos anos 60 Brian começou a apresentar problemas mentais com lapsos que determinaram o fim de sua exuberância criativa. Seguiram-se surtos de depressão e psicose que evoluíram por cerca de 30 anos de tratamento psiquiátrico, internações e desintoxicações. Vez por outra Brian tinha momentos criativos, mas sem o lampejo de antes. Só depois do longo período de afastamento Brian voltou a se apresentar, embora ainda tenha algumas restrições, seqüelas de sua doença. Em 2004 decidiu terminar um álbum interrompido em 1967, denominado “Smile” que, quando lançado, foi aclamado pela crítica e milhares de fãs. Mas, o trabalho original de “Smile” só pode ser retomado com a ajuda de outros músicos dadas as dificuldades de concentração de Brian.

Em “Brian Wilson Reimagines Gershwin” Brian não se apresenta como simples cover dos tradicionais sucessos de George Gershwin. Embora o álbum tenha caráter romântico Brian foge do lugar-comum de muitas interpretações correntes e, mais que isso, reconstrói duas músicas inéditas de Gershwin:The Like in I Love You” e “Nothing But Love”.

Existe um ensaio intitulado “Os Construtores do Mundo” o escritor austríaco Stefen Zweig (1881-1942) afirma que o século XIX não gostava de seus gênios. Cita como exemplos da mão pesada do século, entre outros, o grande poeta e romancista alemão Friedrich Hölderlin (1770-1843), que enlouqueceu aos 35 anos de idade, e o escritor russo Alexandr Serguéievich Pushkin (1799-1837), abatido num duelo em defesa da sua honra.

Não posso deixar de ver no fato de Brian Wilson interpretar tardiamente Gershwin uma ligação estranha entre gênios de alguma forma roubados à sua arte por fatores que afetaram dramaticamente os seus cérebros e criatividade, um deles morrendo, o outro sendo condenado a duradouro exílio criativo.