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Grandes craques
Recebi um vídeo com gols de Pelé. Coisa de tirar os óculos, limpar as lentes e ver de novo para certificar-se de que é aquilo mesmo. Nossa! O cara driblava defesas inteiras, não raro entrava no gol com bola e tudo.
Eu me considero um cara de sorte. Primeiro porque era nada mais que um bebê na Copa de 50. De modo que não passei por aquela desgraça nacional. Cresci ouvindo dos mais velhos relatos sobre o jogo no Maracanã. Anos depois a turma ainda não se conformara com a derrota. Falava-se sobre a falha de Barbosa, a lambança de Bigode e a escalação de Chico. Flávio Costa preferira o parente ao invés de Teixeirinha.
A segunda razão de minha sorte foi ter visto grandes jogadores em atividade. Passei um mês perto da concentração da seleção brasileira que seria campeã em 62. Todo fim de tarde tinha um racha entre paulistas e cariocas. Garrincha, Didi, Vavá, Pelé, Nilton Santos, Mauro, Bellini, vi essa gente toda de perto.
Mais: vi Pelé jogar algumas vezes no Pacaembu. Vi Rivellino e tantos outros. Estava presente quando Paulo Borges fez aquele gol que deu a vitória ao Corinthians sobre o Santos após 10 anos de derrotas. E olhe que não sou corintiano.
Tudo isso para dizer que não entendo essa história de comparações entre grandes craques do futebol. Maradona foi maravilhoso, não se nega, mas igual a Pelé? Assista aos vídeos dos gols do rapaz de Três Corações. Agora só de fala em Cristiano Ronaldo e Messi. Nos últimos dez anos só tem dado os dois. E a turma os coloca como os maiores de todos os tempos. Coisa de loucos.
Nessa história toda só existe uma certeza: Pelé foi o maior. Outras comparações deixam de lado circunstâncias nada desprezíveis. Para citar uma: o futebol tem mudado. Tornou-se esporte milionário que paga milhões aos ídolos de momento. A seleção e 70, aquela imortal seleção, como se daria no futebol atual? Impossível responder embora nos pareça que jamais existirá um grupo como aquele.
Futebol é paixão. Alimenta nossas neuroses, leva-nos a atitudes que até mesmo nos surpreendem. De modo que é inútil essa interminável comparação entre grandes craques do esporte. Mas, que fazer se a mídia se nutre disso e não deixa os ídolos do passado em paz?