Guerra das Malvinas at Blog Ayrton Marcondes

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De novo as Malvinas

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Quando se iniciou a disputa entre a Grã-Bretanha e a Argentina pelo território das Ilhas Malvinas os brasileiros ficaram muito divididos. De um lado a Inglaterra com a sua velha mentalidade colonialista; de outro a Argentina com quem sempre tivemos rusgas. Acresça-se a isso o fato dos argentinos nos tratarem com ares de superioridade - coisa que hoje, felizmente, deixou de acontecer - e a rivalidade futebolística que apaixonou e apaixona os dois lados.

Assim, a questão entre a Grã-Bretanha e a Argentina mais parecia um jogo de futebol em que a raiva fazia muita gente pender mais para o lado dos ingleses, a essa altura já convertidos em nossos fregueses dentro das quatro linhas.

É bom destacar bem esse “fregueses” porque nem sempre foi assim. Basta lembrar a temerária excursão da seleção brasileira pela Europa, dois anos antes da Copa de 58. Naquela ocasião, quando a seleção nacional desembarcou em Londres foi recebida com a seguinte manchete pelos jornais ingleses: “O circo chegou”. E o “circo” tomou um baile da seleção inglesa, perdendo por 4 X 2.

As Malvinas estavam sob domínio inglês desde que foram tomadas à força, em 1833. Considerando o arquipélago como parte de seu território a Argentina decidiu recuperá-lo, em 1982, invadindo as ilhas. A reação do governo da primeira-ministra inglesa, Margaret Tatcher, foi o envio de uma força naval com um destróier, dois navios de superfície e três submarinos atômicos. Assim, iniciou-se a guerra que ocorreu entre os dias 2 e 14 de junho de 1982. Ao final, a Grã-bretanha recuperou as Malvinas que estão sob seu domínio até os dias atuais.

Quando circulou por aqui a notícia de que a força naval inglesa saíra da Inglaterra, muita gente vibrou achando os argentinos, com a sua mania de superioridade, receberiam uma lição. Pouco depois, o presidente dos EUA, Ronald Regan, dava o seu apoio aos ingleses. A esse ponto, finalmente entendeu-se que a coisa era séria não se tratando de um jogo ou das velhas rivalidades com a Argentina. Para onde tinha ido a tal “Doutrina Monroe”, a tal “América para os americanos”? Desde então os brasileiros passaram a se preocupar com os seus irmãos argentinos: era ao continente que os ingleses atacavam.

O pior momento foi quando os ingleses afundaram o cruzador argentino General Belgrano, com 1093 tripulantes, dos quais mais de 300 morreram. Nesse dia houve grande tristeza no Brasil. A loucura de um governo ditatorial argentino expusera o país a um confronto absurdo contra potências estrangeiras.

Agora os ingleses anunciam que pretendem explorar petróleo nas ilhas Malvinas. O governo de Cristina Kischner reage, exigindo licença prévia para toda embarcação que transitar entre Argentina e as ilhas.  A intenção é dificultar a chegada de equipamentos à região de exploração de petróleo.

Na época da guerra tinha-se, na Argentina, um governo militar enfraquecido que usou a invasão das Malvinas como pretexto para se manter, exacerbando o nacionalismo com ações militares. Hoje, a situação é diferente, mas deve-se considerar que para o governo de Cristina Kischner uma onda de amor ao país é muito bem-vinda.

Resta saber como se comportará o Brasil na nova situação envolvendo o domínio das Malvinas. Como se sabe, o Ministério das Relações Exteriores não tem se destacado pela habilidade em suas escolhas. Isso se depreende das recentes tendências de choque como os EUA - em relação à recuperação do Haiti - e o apoio do Brasil ao governo do Irã. Aliás, nada tem adiantado os apelos internacionais para que o presidente Lula cancele a sua visita a Teerã o que dá mostras das atuais tendências da chancelaria brasileira.

Resta torcer para que, desta vez, a diplomacia fale mais alto e se encontrem soluções pacíficas para a questão das Malvinas.