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Terror
Numa sessão da tarde assisti, assombrado, ao filme “O vampiro da noite’, de 1958. Christopher Lee era Dracula; Peter Cushing fazia van Helsing, o caçador de vampiros. Não é o caso de repetir aqui a trama do filme que gira em torno de ações nas quais vampiros mordem o pescoço de suas vitimas para obter seu sangue. Mas, a cena final marcou-me e muito. Segue o spoiler. Van Helsing está num salão onde se encontram os caixões nos quais os vampiros passam as horas do dia, dado não suportarem a luz. Dracula chega para entrar no caixão e encontra Van Helsing. Perdido, van Helsing percebe que o dia começa a amanhecer. Então, corre, abre as cortinas, a luz entra no ambiente e Dracula se desfaz.
A cena final com o vampiro se esfacelando ao ser atingido pela luz é das grandes do cinema. Inesquecível. Apavorante. Tive medo de vampiros no início da minha adolescência. A face final do Dracula no momento em que é atingido pela luz é inesquecível.
Adorava filmes de terror, deixei de assisti-los. Não me agradam os filmes que abusam de clichês e sustos. Mas, há um tipo de terror que incomoda e muito. Assisti, há alguns anos, o filme “Alien, o oitavo passageiro”. É terrível a cena na qual o corpo deum dos tripulantes da nave praticamente explode porque abrigava um ser do espaço. A ameaça que ronda a tripulação é a de que seus corpos sejam invadidos por seres estranhos que neles se replicam. É um tipo diferente de horror, muito impactante. Lava-nos a pensar em situações nas quais um ser humano passa a ter, em seu organismo, um vírus, bactéria, fungo ou outro tipo de ser vivo para o qual não existe cura. O horror está em ter dentro de si algo que resiste ao combate dos meios terapêuticos disponíveis.
Histórias de terror bem escritas ou filmadas constituem-se em formidáveis meios para fugir à rotina do cotidiano. É um grande prazer ler Edgard Allan Poe. Que tal tornar a assistir ao “Dr. Phibes”, estrelado por Vincent Price?
O terror é um gênero literário criado para assustar, aterrorizar. Nem sempre as histórias de terror apelam para o sobrenatural, mas isso é o mais comum. A ligação entre tramas de terror e a ficção científica vez ou outra garante bons resultados.
Conheço gente que, de modo algum, suporta tramas e terror. De nada adianta dizer a elas que textos e filmes de terror são obras de ficção. Pura ficção.
Histórias de terror
Os contos de Edgar Allan Poe foram, são e sempre serão inesquecíveis. Poe é um mestre na arte de narrar situações inusitadas, prendendo o leitor até a última linha de suas histórias. Quem não se lembra, por exemplo, do terrível “Enterrado vivo” no qual um homem desperta após ser enterrado e experimenta todos os horrores de sua horrível condição enquanto aguarda a morte? Que dizer de “O estranho caso do Sr. Waldemar”, pessoa presa ao leito e hipnotizada que não pode morrer enquanto o hipnotismo não for desfeito? Não por acaso Charles Baudelaire traduziu a obra de Poe para o francês. O grande poeta Baudelaire certamente bebeu na fonte inspiradora de Poe.
A literatura conta com grandes mestres na arte de narrar histórias de terror. Desde o “Conde Dracula” de Bram Stocks, aos contos de H.P. Lovecraft e ao mais recente Stephen King, os adoradores do gênero têm sido premiados com obras de excelência no gênero fantástico.
Outra coisa são os filmes de terror. No passado o cinema era pródigo em filmes sobre vampiros, sendo o Drácula encarnado por grandes atores como Bela Lugosi, Christopher Lee e Boris Karloff. Lembro-me de cenas aterrorizantes patrocinadas por vampiros que nos faziam tremer nas salas de cinema. Os filmes em preto-e-branco eram de fato assustadores. Quando meninote me cercava de crucifixos, dentes de alho etc. para me proteger de um impossível ataque de vampiros enquanto dormia…
Entretanto, sem generalizar, creio que os filmes de terror atualmente produzidos pecam pelo excesso de clichês, a todo custo criando situações nas quais o espectador é submetido a uma infindável sequência de sustos. Continuam ativas as sequências nas quais uma mulher caminha numa casa enorme e escura, abrindo portas atrás das quais a esperam espíritos malignos ou mesmo monstros. Ruídos súbitos e ensurdecedores dão ritmo a essas muito manjadas técnicas de causar horror nos espectadores.
Verdade que hoje em dia a arte cinematográfica conta com recursos audiovisuais inimagináveis no passado. Também verdade que nem todos os filmes são apelativos. Películas baseadas nas obras de Stephen King em geral se constituem em bom terror. O excelente “Carrie, a estranha”, há pouco refilmado, demonstra bem o que se está a dizer.
Raramente assisto aos mais recentes filmes de terror. Prefiro a leitura - ou releitura - de clássicos do gênero. Há pouco reli “A Pata do Macaco”, escrito por W. W. Jacobs, publicado pela primeira vez em 1902. Se você gosta do gênero e ainda não leu, eis aí algo que vai impressioná-lo bastante. O conto de Jacobs pode ser encontrado na internet.
Histórias de terror
Sou aficionado de histórias de terror. Quando a televisão engatinhava e lugarejos não tinham salas de cinema restava-nos apenas ler. Para minha sorte em casa havia uma biblioteca bem sortida com títulos que iam dos escritores russos aos grandes filósofos, passando por coletâneas de contos e romances. Através daqueles livros conheci a obra de escritores de histórias de terror e personagens como Drácula, Frankenstein e muitos outros. Li de cabo rabo os contos de Edgard Allan Poe, os de ETA Hoffman e muitos outros. Nasceu daí o meu medo de vampiros, lobisomens e seres da noite que, assim imaginava, seriam reais. Coisa de menino/adolescente que, com o passar dos anos, esqueceu-se do medo e ficou com a delícia das narrativas.
Os filmes de terror sempre foram para mim convite a momentos de emoção e curiosidade. Particularmente os filmes de vampiros eram os que mais me atraíam. Assisti a muitos deles, filmados em preto-e-branco, levando às telas histórias de vampiros maléficos combatidos com crucifixos, estacas de madeira, alho e luz solar. Havia sempre o perseguidor de vampiros que fazia uso dos recursos que tinha à mão e acabava sempre vencendo, embora isso acontecesse só depois de muita gente sucumbir aos enormes caninos dos seres da noite. Atores como Bela Lugosi, Christopher Lee, Vincent Price e muitos outros fizeram história no cinema interpretando seres do mal.
Hoje em dia os filmes de terror deixaram de ser interessantes e não porque as narrativas tenham caído em desuso. O que se vê é a valorização do susto com cenas repetitivas que prometem surpresas muitas vezes constrangedoras. Há sempre alguém, em geral mulher, andando dentro de uma casa escura onde seres do outro mundo a surpreendem gerando-se situações violentas. Há exceções, filmes baseados em obras como a do grande mestre do terror Stephen King. Ainda assim verifica-se abuso de recursos especiais na tentativa de criar cenas fantasmagóricas que se tornam ficcionais demais. O terror tem a sua lógica e trabalhar o enredo dentro dela sem exageros pode fazer do filme uma peça verdadeiramente aterrorizante. Ficam de lado os massacres com serras elétricas e as tais sextas-feiras à noite nos quais se misturam sustos, muito sangue, poderes excepcionais e tantas vezes a criação de personagens inverossímeis demais. Não é demais lembrar que a boa ficção exige pelo menos alguma verossimilhança em relação aos assuntos tratados.
Stephen King escreveu “O Iluminado” que o diretor Stanley Kubrick levou às telas do cinema. King não gostou do filme, dizendo que o escritor interpretado por Jack Nicholson ficou reduzido a um louco com quase nenhuma interioridade. Em todo caso não há como concordar inteiramente com King dado que o filme de Kubrick é de fato impressionante. Se você não leu o livro ou não assistiu a “O Iluminado” eis aí excelente oportunidade para desfrutar de uma excelente narrativa de terror. Claro que nãos se recomenda a quem tem muito medo daquilo que existe nas sombras…