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Battisti livre
Cesare Battisti, condenado na Itália à prisão perpétua, foi libertado no Brasil. O STF referendou decisão do então presidente Lula, negando o pedido de extradição feito pela Itália. As reações negativas em relação à decisão não se fizeram esperar: o governo e a imprensa italiana lamentaram o fato e não está excluída a hipótese de retaliação. Pudera: Battisti foi condenado por autoria direta ou indireta de quatro homicídios decorrentes de atividades terroristas e outros crimes.
Ao cidadão brasileiro não é tão simples formar opinião sobre o caso. De um lado está a justiça italiana que considera banditismo e não crimes políticos as ações de Battisti. Recorde-se que antes de ser condenado pelos crimes de que ora é acusado Battisti cometeu outros tendo sido condenado e preso. A participação em grupo terrorista aconteceu, portanto, mais tarde. Acresça-se a isso o fato de Battisti ter fugido da Itália, refugiando-se na França onde se revelou escritor. Todo mundo sabe o apreço que os franceses têm por escritores fato que contribuiu para que Battisti recebesse o apoio de intelectuais e mudasse a sua imagem para a de perseguido político.
No Brasil Battisti certamente contou com a grande simpatia de setores da velha esquerda, sempre disposta a abrigar aqueles que de uma forma ou de outra se insurgiram contra os regimes políticos de seus países. Não importa muito que o personagem em questão tenha trafegado no solo movediço que separa o simples banditismo dos crimes políticos. O que vale é a fachada de revoltoso e o credo marxista ainda que não bem digerido, credo de orelhada como se diz.
Se de um lado está a justiça italiana, de outro se posiciona a justiça brasileira. O entendimento de que a decisão sobre a extradição compete ao presidente da República e não ao STF coloca a questão no patamar do juízo pessoal. Em assim sendo pesa sobre a figura do presidente – que no caso não é um jurista e nem entendido em leis - a responsabilidade sobre decisão tomada e suas consequências.
Agora a Itália chamou o seu embaixador e há grande revolta no país pela atitude brasileira. Batyisti está livre, fato que, queira-se ou não, acrescenta-se à noção geral de impunidade que, infelizmente, permeia o dia-a-dia dos brasileiros. Verdade que a coisa toda é complexa, envolvendo fatores como a soberania do país e mesmo interesses que escapam ao conhecimento dos cidadãos comuns.
Como foi dito não é simples formar opinião em relação ao caso Battisti. Entretanto, parece mais lógico acreditar que aos italianos deveria pertencer a decisão final sobre o caso. Battistii cometeu seus crimes na Itália e familiares de pessoas assassinadas clamam por justiça. No mais sempre é bom lembrar que a Itália vive em regime democrático no qual os cidadãos têm direito à defesa e não há porque se duvidar da capacidade dos juristas italianos.