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Velhos nazistas
Pertenço à geração pós-guerra (os tais baby-boom dos EUA) e cresci nos tempos da Guerra Fria. A polarização do mundo em dois blocos não deixava uma terceira opção ideológica aos governos e pessoas: ou se era comunista ou não era. E os tentáculos do império norte-americano não só se estendiam como se moviam livremente no vasto quintal da América Latina. Dinheiro e poder, força bélica, armas atômicas, perigo iminente de guerra total e fim do mundo marcaram um período que só se encerraria com a queda do muro de Berlim. Os rapazes de hoje terão dificuldade em compreender um mundo no qual as perseguições de natureza ideológica eram rotina. Não havia internet e mesmo os noticiários eram controlados durante os muitos anos da ditadura que começou em 1964 no Brasil.
Para a minha geração, próxima dos terríveis acontecimentos que marcaram o extermínio de seis milhões de judeus, o nazismo se mantém vivo e como perigo a ser vigiado e enfrentado quando movimentos que adotam sua ideologia eclodem mundo afora. Felizmente, não são muitos os núcleos políticos radicais existentes embora despertem receios e a necessidade de permanente atenção. Entretanto, vez ou outro nazismo torna-se notícia pela descoberta de algum carrasco que atou no tempo em que Hitler comandava a Alemanha. Foi o que aconteceu com a prisão do tenente-coronel da SS, Adolf Eichmann, responsável pela morte de milhões de judeus durante o Holocausto. O “caso Eichmann” comoveu o mundo durante o seu julgamento, em 1962, e fez reviver nas mentes os horrores praticados em nome do regime nazista. Eichmann era o executor chefe do Terceiro Reich e foi executado após seu rumoroso julgamento.
Agora surge a notícia sobre o criminoso nazista mais procurado no mundo. Laszlo Csatary foi encontrado em Budapest, segundo informa o Centro Wiesenthal, uma ONG judaica. Csatary tem 97 anos de idade e sobre ele pesa a acusação de cumplicidade na morte de 15,7 mil judeus durante a Segunda Guerra terminada em 1945. Csatary foi condenado à morte em 1948 por um tribunal tcheco, mas fugiu para o Canadá.
O aparecimento tardio de mais um criminoso nazista reacende a memória do Holocausto cuja ocorrência alguns teimam em negar, entre eles o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad. Nos próximos dias novas notícias sobre Csatary certamente aparecerão na imprensa internacional.