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Ícones

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Creio não ser difícil dizer quais são os ícones maiores de nossa época. Para isso, entretanto, é preciso definir o alcance do termo ícone. A palavra ícone tem o significado de imagem de algo/alguém que se torna conhecido ou é tomado como referência para determinado número de pessoas. O Houaiss define ícone como “pessoa ou coisa emblemática”. O ícone é, portanto, uma imagem que tenha alguma relação de semelhança entre a representação e o objeto daí permitir que usemos a representação sem tomar conhecimento do objeto. Ao ligar o computador o usuário encontra na tela que mostra a área de trabalho do Windows uma série de ícones, cada um representando o acesso a um programa ou fone de dados. Entretanto, o texto abaixo pretende referir-se a outra ordem de ícones, como se verá.

Existem ícones de época e ícones de momento. Seguramente poderíamos listar nomes de jogadores de futebol que se tornam ícones num dado momento: Neymar e Messi pertencem a esse grupo dado que são grandes ícones do momento para quem acompanha o futebol.

Para ícones de uma dada época prefiro restringir o conceito ao período da minha vida e posso citar Pelé como, talvez, um dos maiores deles. Entretanto, existem ícones que alcançam visão mundial e suas imagens são utilizadas e conhecidas a todo transe. É sobre esses ícones que o historiador de arte britânico Martin Kemp acaba de publicar um livro recém-lançado na Inglaterra. Nesse livro chamado “Christ to Coke: How Images Become Icone” Kemp elege onze ícones que atingiram um nível de reconhecimento excepcional, de Jesus Cristo à Coca-Cola. Entre outros ícones citados por Kemp estão as imagens de Che Guevara, a do coração, a Mona Lisa de Leonardo da Vinci, a fórmula de Einstein e o DNA.

Não deixa de ser interessante essa transformação da imagem em ícone conhecido e o alcance que essas mesmas imagens adquirem. Deixando-se de lado os ícones de “nível de reconhecimento excepcional” citados por Kemp poderemos estabelecer uma razoável hierarquia de ícones não nos esquecendo de que as nossas referências marcadamente situam-se no mundo ocidental. O fato é que existem ícones situados em suas áreas respectivas como é o caso de Marylin Monroe no cinema e Mohamed Ali no boxe. Também podem ser citadas, em outro nível, pessoas como Giselle Bündchen na moda e políticos que alcançam renome mundial.

Mas, o fato é que o lançamento do livro de Kemp me levou a ponderar sobre a necessidade que temos da existência de ícones. Em verdade ícones como os apontados por Kemp tornam a vida mais palatável e servem como referência à nossa identidade com as pessoas e o mundo. Esses ícones associam-se a modo de vida e hábitos particulares e relacionam-se com a marcha da civilização no planeta. Basta pensar que a “escadinha” que representa o modelo proposto por Watson e Crick para a molécula do DNA representa a própria vida e todo o conhecimento biológico relacionado à nossa existência no planeta, daí ser utilizada de inúmeras formas. Recentemente vi uma propaganda na TV que utilizava a imagem do DNA para alavancar a venda de produtos. Isso é bastante comum e note-se que não preciso explicar a quem vê a imagem o que ela representa. Tem razão, portanto, Kemp ao colocá-la entre os maiores ícones de “nível de reconhecimento excepcional”.