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A lógica do mercado
O mercado internacional reagiu bem à derrota do Brasil. Confesso que não entendi bem o significado disso ao ler a notícia. Afinal, que tem a ver alhos com bugalhos?
Pois é. No entanto o entendimento é bem simples. Entendeu o mercado que a derrota prejudica a presidente Dilma e contribui para que ela venha a perder a eleição de outubro próximo. Caso isso aconteça a política econômica do país, atualmente em baixa, sofrerá reajustes necessários e será impulsionada. Continuar com a linha econômica atualmente adotada representa estagnação e perdas.
A reação positiva à derrota evidenciou-se pela subida do valor de papéis de estatais. Papéis da Petrobrás subiram 3,02% na Bolsa de Nova York. Os da Vale tiveram aumento de 1,04%.
Nãos sei se é o seu caso, mas tenho alguma dificuldade em compreender os fatores que influem sobre a cotação de ações. Trata-se de um jogo complexo, sensível a inúmeras variantes, que movimenta somas astronômicas de dinheiro. Entretanto, não deixa de ser surpreendente que a trágica derrota da seleção tenha influência sobre o mercado de ações, pelo menos da forma que se deu.
Enquanto isso vai rolando, por aqui seguimos nossa rotina de tristeza. Ontem a Argentina se tornou finalista e os argentinos fizeram festa enorme em São Paulo. Fiquei impressionado com o que disseram alguns argentinos sobre o acolhimento dos brasileiros à festança. Segundo eles de forma alguma os argentinos deixariam que brasileiros fizessem festa igual se acaso vencessem em solo hermano. Dizendo-se povo apaixonado os argentinos elogiavam os brasileiros pelo modo com que se comportam, para eles até meio incompreensível.
Eis aí o retorno da imagem de povo cordato. O Financial Times publicou que é meio difícil entender um país no qual quase todo mundo é agradável. Falavam de nós, admirados pela nossa cortesia. Aliás, cortesia essa que não é tão grande assim entre nós.
No fim a Copa foi mesmo um sucesso. Pena que no que mais nos interessa - o futebol - tenhamos dado vexame. Dois dias depois da tragédia continuamos inconformados. Pena que daqui a 50 anos as crianças pequenas de hoje estarão falando sobre o grande desastre de 2014. Assim como não nos esquecemos de 1950.