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Um dia de fúria
O filme “Um dia de fúria” é de 1993 e estrelado por Michael Douglas em grande atuação. Douglas é William Foster, homem que perdeu o emprego e sai em busca da mulher e da filha. O problema é que Foster está completamente perturbado e mata quem encontra em seu caminho. Para tentar detê-lo o policial Prendergast, interpretado por Robert Duvall, arrisca a própria vida em seu último dia de trabalho, dado que está para se aposentar.
William Foster é inesquecível porque se trata de um homem que atravessou todas as barreiras. O desequilíbrio emocional de Foster leva-o a romper com as convenções e acordos do mundo civilizado. De repente ele surge nas ruas, mas à margem dos códigos que governam as vidas comuns e consideradas normais. Audacioso, violento, Foster é capaz de destruir e matar o que faz como uma máquina que tivesse sido programada para isso. Grande filme do diretor Joel Schumacher .
“Um dia de fúria” sempre me volta à memória quando acontece a reação desproporcional de alguém a uma agressão de qualquer tipo. Para algumas pessoas parece existir um limiar que, uma vez ultrapassado, resulta em ações inesperadas, violências cometidas por alguém que, até então, era cidadão pacato e cumpridor. O vizinho que tem uma laranjeira no quintal e mata uma criança que costuma roubar as suas laranjas serve como exemplo de alguém que internou-se no estado de violência e cometeu algo desproporcional à agressão que sofreu.
Leio que ontem ocorreu um caso inusitado em Salvador, Bahia. Um homem retornou ao seu carro, que deixara estacionado, e encontrou o vidro, do lado do motorista, quebrado. Além disso, constatou que objetos foram roubados, inclusive um GPS. Esse fato, comum nos dias de hoje, despertou a ira do homem que - após dirigir-se a um policial e não conseguir resposta afirmativa - passou a arremessar pedras em carros estacionados no local. A notícia nos dá conta de que esse homem danificou 40 veículos antes de ser detido e levado a uma delegacia.
Não se pode negar a sensação de extremada revolta que sentimos ao sermos vítimas de algum tipo de crime. Entretanto, o que chama a atenção no caso ocorrido em Salvador é a intensidade da reação, certamente inesperada e desproporcional à agressão sofrida. O cidadão cujo carro foi roubado teve o seu momento de fúria. Acabou numa delegacia, preso por ato de vandalismo, e vai ter que se haver com os danos materiais provocados em veículos de pessoas que nada tinham a ver com o roubo.