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Época de demissões
Enfim o Ministro dos Esportes parece dar-se conta de que sua situação à frente do Ministério torna-se, a cada dia, mais insustentável. Denúncias envolvendo grandes somas de dinheiro destinadas a ONGs constituem-se no motivo para o anunciado pedido de demissão do Ministro, até este momento não consumado.
Diante de mais um caso de afastamento de ministro por denúncias de corrupção é de se perguntar quem se aguentaria no governo Dilma caso cada ministério viesse a ser contemplado com algum tipo de investigação. A dúvida sobre a equidade dos setores do governo de forma alguma pode ser rotulada como injusta: o que passa ao cidadão comum é a existência de uma vasta rede de tramoias as quais parecem ser orgânicas dentro do governo. Por “orgânica” entenda-se uma máquina que só funciona se azeitada através de múltiplos canais de conchavos de modo que qualquer obra sirva ao benefício de intermediários para que, através deles, venha a ficar pronta.
Não será também exagerado dizer que dentro dos órgãos públicos instalou-se um modo de funcionamento o qual, em verdade, praticamente independe de quem está à frente deles. A herança de benefícios e corrupção passa de geração a geração de modo que o mal feito apresenta-se mais ou menos institucionalizado. Não é de se duvidar que alguém leia essas linhas e as credite ao exagero. Entretanto, não custa lembrar que ainda que se possa taxar como exageradas algumas das afirmações acima nem por isso elas deixam de ser pertinentes.
Há que se perguntar sobre o quê, afinal, se passa no país de vez que a curtos intervalos de tempo alguém, geralmente excluído dos bons e não tão saudáveis negócios, põe a boca no trombone e derruba ministros. Afinal, um ministro deve ser, por premissa, cidadão acima de qualquer suspeita, digno a ponto de ser nomeado para gerir vasto setor de negócios do país. De repente a pessoa de quem se espera reputação ilibada é acusada de envolvimento com corrupção; dilui-se, então, o grande véu das aparências e eis o homem a ser demitido ou a afastar-se do cargo para qual foi nomeado.
Já vai se perdendo a conta do número de ministros afastados de seus cargos quando ainda estamos a três meses da data do primeiro aniversário do governo da presidente Dilma. Para piorar esse quadro melancólico estamparam-se hoje, na internet, acusações de que um colégio de Fortaleza utilizou em suas provas questões iguais – iguais e não semelhantes! – às que caíram nas provas do ENEN, realizadas no último fim de semana. Esse assunto ainda vai ganhar corpo e, mais uma vez, um Ministério, agora o da Educação, terá que se digladiar com a possibilidade de quebra de sigilo das provas realizadas em todo o Brasil.
A nós só resta esperar, torcer para que desta vez tudo não passe de um engano ou coincidência porque simplesmente não dá para se acreditar que, mais uma vez, as provas do ENEN sejam maculadas por atos corruptos.
E assim caminha a humanidade.