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Morte assitida
Recentemente dois alunos de um colégio em São Paulo se mataram. O caso comoveu a opinião, chamando a atenção para o perigo de mais jovens darem cabo à vida.
No Brasil uma média de 11 mil pessoas se matam, por ano. Entre 2011 e 2015 a média de suicídios foi de 32 por dia.
Da minha infância trago lembranças que muito me assustaram. Certo dia veio ao distrito onde morávamos uma japonesinha que - soube-se depois - viera para visitar o túmulo de seus pais no cemitério local. Horas depois acharam-na morta sobre o túmulo da família. Naquela época usavam-se formicidas e venenos agrícolas para os suicídios. Ao lado do corpo da jovem japonesa havia uma lata de formicida.
Outro caso foi o de uma jovem que, inesperadamente, rompeu seu noivado e desesperou-se. Nunca se soube a razão exata de seu ato final. Matou-se ingerindo um inseticida agrícola. A morte dessa moça, a quem conheci e de quem nunca me esqueci, impressionou-me muito. Eu a vi minutos depois de a terem encontrado morta. Cena horrível que ainda hoje permanece na minha memória.
E quanto a viver demais? A velhice rouba-nos forças e disposição. Agregam-se o cansaço da rotina, a perda de perspectivas, o enfado da vida que passou. Não imagino como será chegar aos 90 anos. No atual estágio do conhecimento humano pouco há a se fazer para minorar os efeitos da velhice. Ouço dizer que muitos velhos simplesmente gostariam de morrer, se possível sem sofrimento. Há quem ainda tenha razoáveis condições de saúde na velhice avançada. O pior está reservado aos presos a leitos, cadeiras de rodas etc. A doença judia muito.
O caso do cientista australiano que se decidiu pelo suicídio assistido chama a atenção. Aos 104 anos David Goodall confessou estar arrependido de viver tanto. Já tentara suicidar-se sem ter conseguido. Na Austrália o suicídio assistido não é autorizado. De modo que Goodall foi até a Suíça, não sem antes visitar e despedir-se de seus muitos parentes. Ontem Goodall finalmente morreu. Na Suíça o suicídio assistido é permitido, mas a pessoa deve ser fisicamente capaz de praticar o ato final por sua própria conta.