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Mortes por atacado
Você não acha estranho o modo nos acomodamos a essa verdadeira enxurrada de péssimas notícias sobre mortes por atacado que diariamente aparecem na mídia? Não sei se acontece com você, mas confesso que leio com a reserva dedicada a acontecimentos distantes as notícias sobre a morte de muitas pessoas. Obviamente, não escapo ao horror que as tragédias provocam. Mas, são tantas e de tal modo se repetem que dolorosamente se passam por “naturais”. É como as matanças fizessem parte do modo de ser das pessoas no mundo e nada pudesse ser feito para impedi-las. Aí, sem mais, sem menos, você acorda de madrugada e começa a pensar no enorme sofrimento causado por tanta barbárie e se pergunta sobre o seu papel na sociedade em que vive.
Ontem mesmo foram enterradas seis pessoas atropeladas que foram por um carro que se desgovernou durante a disputa de um racha em plena rua. Na semana noticiaram-se mortes de famílias, uma delas por vazamento de gás. Mas, essas são calamidades de menor porte. No Quênia, terroristas invadiram um shopping e mataram mais de 70 pessoas. Nos EUA um antigo marinheiro entrou armado num prédio da marinha e fuzilou quem encontrou pela frente, totalizando-se treze mortos. Na Síria segue uma guerra civil entre o governo e revoltosos que já contabilizou a perda demais de 100 mil vítimas. No Egito as coisas andam péssimas e muita gente tem sido morta no embate dos militares atualmente no governo e seus opositores. Hoje, domingo, num ataque de homens armados a uma universidade na Nigéria foram mortos pelo menos 50 alunos. Na mesma Nigéria um ataque e extremistas a um vilarejo resultou em 150 mortes, isso na última quarta-feira. E daí por diante.
Extremistas, terroristas, assassinos de aluguel, bandidos, homicidas, suicidas, parricidas, revoltosos… Morre gente por toda parte desse mundo, mortes por atacado, diárias, expondo os piores aspectos da natureza humana. E nós assistimos a essa carnificina torcendo, rezando, implorando, para que o acaso nos poupe e aos nossos filhos que andam por aí, trabalhando, viajando, correndo atrás das necessidades impostas pelas atividades deles.
Imagino o que tenham sido as comemorações quando da divulgação do fim da Segunda Guerra Mundial. O mundo se cansara de tantas atrocidades, tantas mortes inúteis, perdas irreparáveis de entes queridos. Talvez se imaginasse, naquela ocasião, que a humanidade tivesse aprendido a lição e, daí por diante, os homens passariam a se comportar de modo diferente. Não foi o que se viu ou aconteceu. Assim, embora nunca se deva perder a esperança de que um dia o mundo seja melhor, a verdade que presenciamos é crua demais para que acreditemos na paz entre os seres humanos. Aliás, bem ao contrário, porque o que se observa é uma Babel onde se torna cada vez mais difícil o entendimento entre as pessoas. È dentro desse contexto de cada um por si que as coisas progridem, infelizmente.