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Namoro
Um vizinho sempre perguntava quando via rapaz das redondezas acompanhado por uma moça: namorico ou namoro? Não chegava ao noivado, ficava entre o namorico, mais leve, e o namoro que seria mais compromissado.
Hoje em dia não sei dizer se ainda existe o tal namorico que seria uma espécie de intenção de namoro firme. Eram tempos nos quais as coisas andavam mais devagar. Moça queria casar-se ainda moça, quer dizer virgem. Havia isso do futuro marido querer ser o primeiro. Acontecia de casamentos serem dissolvidos por conta da pretendida virgindade não encontrada.
Namoro interessante foi o do Pereira, herdeiro de fazendas que não se sabe como perdeu tudo, terras e dinheiro. Conheceu uma professora oriunda de cidade distante, filha de pai fazendeiro. Namoraram nos conformes da época e casaram-se. Consta que o Pereira não contou à professora sobre estar falido, acreditando que do lado de lá viria boa recompensa, afinal o pai dela era fazendeiro. Entretanto, a professora também se casou achando que o Pereira seria porto seguro para se ancorar de vez que o pai dela também perdera tudo. E viveram como puderam, o Pereira e sua professora, sem fortuna, à custa do próprio suor e trabalho.
Mas, afinal quem foi que mudou as regras do namoro? Pois, antes, a molecada não tinha muito jeito de imaginar mulheres, ainda mais quando nuas. Não existiam essas revistas com mulheres mostrando tudo tal como hoje se vê nas bancas de jornal. Sobre sexo o máximo era se conseguir o empréstimo das historinhas do Carlos Zéfiro, desenhadas pelo autor para celebrar o tesão reprimido de toda uma população. De modo que uma namoradinha para pelo menos uns beijos era tudo o que a rapaziada almejava.
De repente o mundo mudou, as mulheres se libertaram pelo advento da pílula e os namoros chegaram ao que são hoje, sendo o sexo complemento imediato para futuros entendimentos.
Imagino que por este Brasil ainda exista muita gente aferrada ao velho jeitão, desejando o namoro sério que vira noivado e casamento. Mas, desconfio que de algum modo o namoro tenha perdido um pouco do velho encanto, daquele modo de ser que despertava paixões e desejos profundos de posse que quase sempre demorava pelo menos um pouco a se realizar.
Isso que está escrito acima foi o que eu disse a um rapaz de 17 anos de idade durante conversa descontraída e sem outro propósito que o de jogar papo fora. Quando terminei ele sorriu e me disse que não suportaria ter vivido nesse passado tão chato no qual as coisas não se resolviam logo e na cama. Pelo jeito o rapaz me achou muito “careta”. É isso, ele me chamou de careta, um cara de papo careta, mas para isso usou uma gíria recente que não cheguei a entender bem.
Há quem ponha a culpa de tantas mudanças na televisão.