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Cadê o entusiasmo?
Veterano seguidor de copas e torcedor incondicional da seleção nacional me entristeço com o pelo menos aparente descaso com o início da Copa no Brasil. Mesmo naqueles anos de chumbo tínhamos bandeiras nas ruas. Tremulavam nos carros, nas janelas dos prédios, nos mastros. Era difícil, sim, separar o futebol da situação do país de então. Mas, que fazer se em campo jogava o nosso time, o nosso orgulho nacional sob a forma de mágicos da bola, enfim toda a tradição de um esporte que, ao longo do tempo, tornou-se a maior expressão de nossa nacionalidade?
Pois agora o que se vê é gente desanimada, gente até torcendo contra. Tanto fizeram, tanto mal administraram, tanto gastaram que conseguiram o quase impossível: converter grande parte da torcida, senão a maioria, em um bando de indiferentes.
Era de se ver o Aeroporto de Cumbica ontem. Levas e levas de estrangeiros munidos de bandeiras de seus países desembarcavam. Nas faces dessa turma a alegria e a esperança de que suas equipes consigam boa campanha na Copa, quem sabe o próprio campeonato.
Não sei como se passam agora as coisas nesse imenso Brasil. Estamos a poucas horas do jogo de abertura e o dia parece mais silencioso que de costume. As pessoas com quem conversei nesta manhã não demonstraram nenhum entusiasmo em relação à Copa. Pelo menos parte do Brasil aquieta-se diante da realização do maior evento de sua história.
Ontem o presidente da FIFA, Joseph Blatter, disse aos jornalistas que perguntassem a opinião dele sobre a organização para a Copa depois de terminada a competição. Vai dar certo? Resta-nos torcer por uma boa figura na condução do grande evento esportivo.
O Brasil conquistou o direito de realizar a Copa e comemorou-se o fato na ocasião. Passados 7 anos desde então o evento esportivo se inicia com obras inacabadas e muita apreensão. Inaceitável a decisão política de realizar a Copa em tantas sedes fato que se configurou grande erro. O Brasil é muito grande. Tivéssemos a Copa em poucos Estados menores seriam os custos e maiores as possibilidades de sucesso.
Deu no que deu. Quanto a mim não digo que esteja indiferente. Torcedor de raça não posso trair o meu passado. Mas, confesso algum desânimo. Confesso que se faltasse energia elétrica hoje eu não sentiria muito não assistir ao jogo do Brasil.