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Naufrágios
Naufrágios sempre despertam atenção talvez por ser insondável o destino de embarcações que se acomodam nas grandes profundezas marítimas. Vidas e destinos de tripulantes e passageiros são incorporados a histórias de tempestades, mares agitados quando não a erros humanos que desencadearam catástrofes.
Entre todos o caso do RMS Titanic é seguramente o mais icônico, talvez pelas circunstâncias de lançamento ao mar de um navio considerado indestrutível ou, ainda, pelo fato da colisão com um iceberg ter desencadeado o naufrágio. O naufrágio aconteceu entre 23h40min - 2h20min de 14-15 de abril de 1912. 1514 pessoas morreram e 710 conseguiram se salvar. O acontecimento entrou par a história, sendo até hoje lembrado quando se fala de navios naufragados. O filme Titanic trouxe às telas imagens realistas dos acontecimentos daquela noite de 1912. O RMS Titanic encontra-se no fundo do mar e desperta o interesse de empresas e mergulhadores que dele se aproximam em incursões exploratórias.
Menos falado, mas sempre citado, foi o afundamento do vapor alemão MV Wilhelm Gustloff no qual morreram quase 5 mil pessoas. O vapor foi atingido por míssil enviado por submarino russo, em 30 de janeiro de 1945. Era um navio de cruzeiro transformado em navio hospital durante a guerra. Quando foi atingido nele viajavam 10582 pessoas entre tripulantes e passageiros.
Com alguma frequência fala-se sobre naufrágios. No momento o assunto tem aparecido na mídia por conta do naufrágio do MV Golden Ray, ocorrido em 8 de setembro de 2019 na costa da Georgia, EUA. Nesse cargueiro estavam 4 mil carros que foram parar nas águas marinhas. Agora divulga-se que o cargueiro naufragou devido à carga mal posicionada o que teria gerado instabilidade e deixado seu centro de gravidade muito alto.
Durante a Guerra das Malvinas, em 1982, um submarino nuclear britânico afundou o cruzador argentino General Belgrano provocando a morte de 323 marinheiros. A disparidade de forças disponíveis entre britânicos e argentinos era por demais conhecida. Entretanto, a ditadura argentina declarara guerra contra forças que não reuniam condições de enfrentar, sendo certa a derrota.
A conhecida rivalidade entre brasileiros e argentinos hoje em dia talvez esteja restrita ao futebol. Na ocasião da guerra era certamente maior. Entretanto o afundamento do cruzador argentino foi aqui recebido com espanto e tristeza. Naquele momento irmanamo-nos com sul-americanos agredidos.
Ficção e realidade
O escritor chinês Liu Yongbiao foi condenado, no ano passado, por espancar quatro pessoas até a morte em uma pousada. Anteriormente, no prefácio de seu último livro, o escritor avisara que pretendia escrever sobre uma autora que comete vários assassinatos e consegue escapar.
Mas, a trajetória de Liu Yongbiao não para aí. Depois de preso confessou a uma emissora de TV que alguns de seus livros foram baseados em assassinatos cometidos por ele mesmo no passado. Num desses crimes teria matado um jovem de 13 anos, neto dos donos de uma pousada.
Ainda ontem o novo Ministro da Justiça, respondia a repórteres sobre o crescimento do número de casos de feminicídio. Tornou-se rotineira a informação sobre mulheres assassinadas por ex-maridos que não aceitam a separação. Tantos e tão diversos são os crimes que serviriam à produção de narrativas ficcionais baseadas em fatos. Veja-se o caso de um jogador de futebol assassinado por um grupo, depois de que teria assediado a esposa do dono da casa onde uma festa se realizava. O jogador foi levado pelos membros do grupo a local ermo onde seu pênis foi decepado antes de ter sido cruelmente assassinado.
Em matéria de ficção o cinema é de longe o maior propagador de tramas macabras, dessas que nos fazem afundar nas cadeiras ao serem exibidas nos telões. Muitos anos depois o filme “Psicose”, baseado no livro do escritor Robert Block, continua assustador. Mas trata-se de obra puramente ficcional. Entretanto, existem livros e filmes baseados em fatos. A não-ficção de Truman Capote - A sangue frio - baseada em acontecimentos reais foi levada à tela dos cinemas. Trata-se do brutal assassinato de uma família, acontecido numa cidade do Kansas, nos EUA. Os dois executores desse hediondo crime foram presos e, mais tarde, enforcados.
O casamento entre ficção e realidade se faz em torno de temas variados. No filme “O Pianista”, de 2003, por exemplo, assiste-se à trajetória de virtuoso pianista judeu-alemão que vê as transformações ocorridas em sua Varsóvia durante a Segunda Guerra. Sobrevivendo milagrosamente, após passar por toda sorte de vicissitude, o pianista retorna ao piano após o fim da guerra.
E que dizer sobre o fantástico “Titanic” dirigido por James Cameron? O filme reconstrói a tragédia do grande navio que, ao ser lançado ao mar, pretendia-se ser ”inafundável”. Entretanto, em sua primeira viagem, realizada em 1912, o luxuoso navio veio a colidir com um iceberg sendo essa a causa de seu naufrágio.
A realidade tem servido criadores de várias áreas como motivo de inspiração para a realização de suas obras, muitas delas geniais. Atraídos por narrativas impressionantes leitores e espectadores fruem dessas criações, submetendo-se ao encanto e magia propostos por seus realizadores.
Ricos e pobres
A gualdade entre seres humanos talvez esteja destinada a permanecer como utopia. Ricos e pobres sempre existirão - é o que parece. Revoluções em nome dos oprimidos têm resultado na manutenção do poder em mãos de novos grupos dominantes. A alta hierarquia formada goza de todos os privilégios. É e foi sempre assim.
Discursos e promessas de parte o fato é que riqueza e pobreza constrangem. A moradora de rua deitada na calçada em pelo inverno incomoda. Não fazemos nada por ela e isso nos constrange.
O ano de 1912 ficou marcado pela tragédia do Titanic. O navio indestrutível colidiu com um iceberg e naufragou no mar do Norte. Cerca de 1500 pessoas morreram entre eles passageiros de primeira, segunda e terceira classe.
Na ocasião foram resgatados 334 corpos. Entretanto, só agora foram divulgados os telegramas entre o maior navio de resgate, o Mackay-Bennet, e a White Star line, a empresa que operava o Titanic.
Aconteceu de a tripulação do navio de resgate ser surpreendida pelo número de cadáveres e não dispunha de espaço para devolvê-los a seus familiares. Decidiu-se, então, priorizar os passageiros de primeira e segunda classe. Os de terceira foram atirados no mar.
O reconhecimento dos passageiros cujos corpos foram preservados se deu em função de suas roupas e pertences pessoais. O capitão chegou a sugerir que somente fossem transportados os corpos que tivessem solicitação de suas famílias. Entretanto, a White Star line determinou que se trouxesse à terra o máximo de cadáveres que pudessem ser carregados.
Assim, de 334 corpos recuperados 116 foram atirados ao mar. As profundezas oceânicas foram a morada final dos menos agraciados pela fortuna.
Barco fantasma
A cena do filme “Titanic” na qual a câmara mostra partes do convés do navio deterioradas pela ação das águas marinhas é inesquecível. A sensação da brevidade das coisas e da própria vida é transmitida ao espectador sem mediações. Por aqueles lugares passarm o luxo, a riqueza e a galanteria de pessoas que, em sua maioria, morreram instantes depois nas águas geladas. A perversidade da derrota frente ao inesperado assemelha-se a um ajuste de contas de forças desconhecidas contra a ousadia do homem que ousara construir um transatlântico “inafundável”.
De que os navios e barcos têm vida própria e pensam já nos garantia o poeta francês Arthur Rimbaud em seu poema “O barco ébrio”. Rimbaud nos fala de um barco desgovernado no qual já não se ouve a gritaria dos embarcados. Assim, vagando, liberto de seus rebocadores, seguia em seu glorioso desgoverno, ao sabor das ondas dos rios, errando em direção ao mar.
O barco de Rimbaud não terá sido único na história das naus desgovernadas que percorrem estranhas rotas marinhas com incertos destinos. Nestes mesmos dias têm chegado às costas do Japão barcos fantasmas nos quais não viajam vivalmas. Em alguns são encontrados restos humanos em avançado estado de decomposição; em outros nenhum sinal de marinheiros e pescadores.
De onde vêm os barcos fantasmas que chegam ao Japão? Não se sabe com certeza. Supõe-se que oriundos da Coréia do Norte, embora não existam sinais de suas origens. O mistério encanta.
Barcos ébrios navegando solitários na imensidão dos mares. Naufrágios. O governo da Colômbia anuncia ter encontrado o mítico galeão San José, afundado nas águas próximas a Cartagena quando carregava um tesouro de ouro, prata e esmeraldas para a Espanha. Desaparecido desde o século 18, quando foi afundado pelos ingleses, o San José Abriga o maior tesouro marinho de que se tem notícia, cujo valor é hoje estimado entre 5 e 11 bilhões de dólares.
Enquanto isso as calmas águas que banham nossas praias revoltam-se imperceptivelmente. O mar quer tomar a terra, aproveitando-se da elevação da temperatura ambiente. Mas, os homens reunidos em Paris não chegam a acordo sobre a emissão de gases estufa.
Como será o mundo daqui a um século?