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O nó górdio
Relata-se que após a morte do Rei da Frígia o trono ficou vago por não existirem herdeiros. Consultado o Oráculo declarou que o próximo rei seria um homem que chegaria numa carroça. Foi assim que um camponês, de nome Górdio, veio a assumir o trono. Para não esquecer sua origem humilde Górdio amarrou a carroça numa coluna do templo de Zeus, dando um nó impossível de ser desfeito. Ao morrer o filho de Górdio, Midas, tornou-se rei e expandiu o reino, embora também não deixasse herdeiro. Mais uma vez consultado o Oráculo disse que o próximo rei seria quem desatasse o nó de Górdio. Passaram-se 500 anos até que Alexandre, o Grande, observasse o nó e o cortasse com sua espada.
Ao que parece o Brasil passa por momento no qual o próximo presidente só será empossado caso se conseguir desfazer o nó górdio que cerca sua escolha. Temer, o atual presidente, proclama que de modo algum renunciará. A opinião dos que se ocupam dos fatos políticos é a de que Temer não conseguirá governar após a delação que o expôs aos olhos da nação. Entretanto, caso a presidência fique vaga, não há consenso sobre a escolha de seu sucessor. Nem mesmo existe consenso sobre a forma a ser adotada para a eleição do novo presidente que governará até o fim de 2018.
Nesses dias tenebrosos teme-se não só pelo desgoverno como o agravamento da recessão. O desânimo é geral. Talvez como nunca antes precisássemos da existência de um oráculo. Seria ele quem talvez nos indicaria a natureza da pessoa capaz de desfazer o nó górdio que tanto nos assusta.
Mas, infelizmente, os tempos são outros. Já não existem oráculos daí dependermos de algum milagre que reconduza o país aos trilhos. Milhões de desempregados talvez orem todo dia pelo aparecimento de um santo milagroso que desfaça o nó que nos constrange.